Todos os presidenciáveis são iguais?
Pedro é convidado para uma festa de 15 anos. No convite, em letras garrafais está: Traje esporte fino. Pedro, por várias vezes, lê a informação e comenta com a sua namorada a exigência da festa. Contudo, Pedro decide ir com a mesma roupa que costuma frequentar a praia de Porto de Galinhas: camiseta e sunga. Quando Pedro chegou à festa, ocorreu o previsto: todos ficaram olhando para ele. Conclusão: Pedro chamou a atenção dos participantes da festa por está vestido diferente de todos os outros.
Chamar atenção. Esta é uma regra básica do marketing político. Políticos sábios adotam o comportamento de Pedro e conseguem chamar a atenção do eleitor de modo positivo ou negativo. Mas conseguem despertar o eleitor. Na crise dos caminhoneiros, todos os presidenciáveis falaram a mesma coisa. Portanto, nenhum despertou o eleitor.
Os presidenciáveis optaram pelo discurso fácil: apoiaram a greve e defenderam a redução da carga tributária. Nenhum presidenciável propôs o debate sobre o papel da Petrobrás no mercado de combustível brasileiro. Existiam dois argumentos em relação à Petrobrás: 1) Defender intervenção do governo na empresa; 2) Defender a atuação da Petrobrás como empresa privada, sem a interferência do governo. Todos optaram pela alternativa 1.
Fizeram isto em razão de temer a opinião pública. Eles sabem que a maioria da população brasileira é contrária à reforma da Previdência e à privatização. É por isto que o PT conseguiu derrotar o PSDB em várias eleições. Parte da população majoritária brasileira gosta do Estado, defende o Estado e tem medo do liberalismo. Compreensível diante da imensa desigualdade social e carência econômica.
Por outro lado, a redução de tributos tem apelo popular. Porém, mais Estado, mais política social, diante de um ente estatal cheios de privilégios, impossibilita a redução de impostos sem o aumento de outros impostos. E menos imposto gera déficit público e corte de investimentos. Os presidenciáveis poderiam ter aproveitado a greve dos caminhoneiros para defender a reforma da Previdência e o fim dos privilégios no Estado. Mas não fizeram, pois temem a opinião pública e temeram contrariar as categorias que têm privilégios no Estado.
Nenhum presidenciável se destacou na greve. Ressalto, contudo, uma surpresa positiva: Márcio França. Mostrou iniciativa, capacidade para negociar e habilidade com a imprensa. Por ora, os presidenciáveis não optam por ser Pedro. Por consequência, não chamam a atenção do eleitor. E um dado: os presidenciáveis liberais ou anti PT reforçaram o discurso petista entre os eleitores.