O partidarismo exacerbado, a ideologia cega e o desejo de agradar o outro criam ilusões na política e possibilita que o ator construa cenários eleitorais exclusivamente ótimos. Cenários subótimos e péssimos são desconsiderados. A ilusão na política compromete a construção de estratégias eficazes, pois o iludido tem como premissa que a sua situação é sempre ótima na disputa pelo poder.
Lembro que o lulismo foi desprezado. Recentemente, voltou à tona novamente. Em uma sociedade em que parte do eleitorado vive em estado de subsistência econômica e outros encaram o estamento burocrático como único instrumento de remuneração, não é possível, de modo algum, e em nenhum instante, desprezar o lulismo. O ex-presidente Lula não será candidato a presidente da República em 2018, mas será, através do lulismo, ator estratégico. Portanto, como sempre frisei: O lulismo não morreu.
Por outro lado, não decreto a morte do presidente Temer. Em variados momentos, o atual mandatário do Brasil foi para UTI. Mas conseguiu sair. Portanto, não desprezo que o presidente Temer seja candidato à reeleição e contribua para a competitividade de candidatos aos governos estaduais.
Inflação controlada. Recuperação da economia. Queda abrupta dos juros. Reforma trabalhista. Pacote de privatização. Possibilidade da reforma da previdência. Expectativa para o crescimento do PIB em torno de 2% no próximo ano. Estes itens, os quais advêm das ações do presidente Temer, conquistam o setor produtivo e parte do eleitorado brasileiro. Ambos obtêm benefícios em virtude das referidas ações.
A capacidade de conquistar lucro e o bem-estar econômico animam empresários e eleitores. Estes estão unidos torcendo por um único fim: a recuperação econômica. E quem será o ator, na opinião de parcela do eleitorado, que possibilitou e possibilita a superação da crise econômica? O presidente Temer. Este cenário não deve de modo algum ser desprezado na vindoura eleição presidencial.
A recuperação econômica reposiciona Michel Temer e o PMDB. Se hoje ou algum dia foram atores desprezíveis, eles podem vir a ser estratégicos, e, portanto, com poder de influenciar eleitores, inclusive, nas eleições estaduais. O lulismo continua no jogo eleitoral. E o presidente Temer, lentamente, sem ainda despertar atenção, se coloca na disputa eleitoral de 2018.