Por Adriano Oliveira – Doutor em Ciência Política. Professor da UFPE. Fundador da Cenário Inteligência.
Em 05 de maio de 2022, o presidente da Câmara dos Deputados, Artur Lira, afirmou ao Valor Econômico que até junho, o presidente Bolsonaro ultrapassaria o ex-presidente Lula. A previsão de Lira, até o momento, não se consolidou. O candidato do PT, segundo as recentes pesquisas do Datafolha e da Genial/Quaest, pode vencer a eleição no 1° turno.
Em toda eleição, a especulação existe, pois está baseada no achismo, na torcida e no olhar inocente para a conjuntura. O que as pesquisas têm mostrado, qualitativas e quantitativas, é que o lulismo e o bolsonarismo são fenômenos de massa consolidados no eleitorado. Além de rejeitados. Sendo o bolsonarismo, o que tem maior rejeição. E a conjuntura proporciona favoritismo a Lula.
Diante de dois candidatos amados e rejeitados, quais são as chances de Simone Tebet na disputa presidencial? Tebet, hoje, é um cisne negro. Ela representa o imponderável na eleição. A tempestade perfeita contra o presidente Bolsonaro existe: inflação alta, desemprego, aumento da fome, ineficaz gerenciamento da pandemia, população sem esperança e receosa quanto ao futuro. A conjuntura não é, portanto, favorável à reeleição do presidente Bolsonaro. Mas ele resiste. Isto significa que o bolsonarismo vai além, para muitos eleitores, do bem-estar econômico.
A alta reprovação do presidente Bolsonaro mais a tempestade perfeita ofertam chances eleitorais a Simone Tebet e a Lula. Entretanto, a candidata do MDB, até o momento, não se decidiu quem é o seu adversário principal. O óbvio está posto: se existem dois adversários rejeitados, e um mais rejeitado do que outro, além da tempestade perfeita, o adversário número 1 de Tebet é Jair Bolsonaro. O desempenho eleitoral de Ciro Gomes revela que a estratégia “nem um, nem outro”, não é eficaz.
A campanha de Tebet pode sofrer da síndrome do Lula. No caso, optar pela estratégia do competidor do PDT para não facilitar o sucesso eleitoral do PT no 1° turno. Falar contra dois candidatos retira de Simone Tebet as condições de adquirir identidade. Afinal, pois mais que o senso comum insista, Bolsonaro e Lula são diferentes. Inclusive, na mente dos eleitores.
O fundamental na estratégia eleitoral é o posicionamento do candidato. A competidora do MDB precisa dizer, o quanto antes, quem é seu adversário principal para poder ser identificada pelos votantes e com isto atrair admiração. Ser mulher não é posicionamento suficiente para conquistar eleitor. É necessário mais. Em especial, ofertar soluções para os problemas atuais do país.