Por Adriano Oliveira – Cientista político. Professor da UFPE. Fundador da Cenário Inteligência.
Pesquisa da Genial Quaest divulgada em maio deste ano revela que: 1) 50% dos brasileiros aprovam o trabalho do presidente Lula e 47% desaprovam; 2) Na região Nordeste são 68% que aprovam. São 55% que reprovam o trabalho do presidente Lula na região Sudeste; 3) Nas regiões Norte e Centro Oeste, 50% reprovam e 47% aprovam; 4) São 62% que aprovam o trabalho de Lula entre os eleitores que ganham até 2 salários mínimos. Entre 2 a 5 salários mínimos,49% aprovam e 49% desaprovam.
Os dados acima são conjunturais. Isto é: podem, obviamente, ter variações até a chegada da eleição de 2026. Contudo, considerando as pesquisas desde 2022, eles mostram estabilidade. O quartel general do lulismo está no Nordeste e entre os eleitores de menor renda. O presidente da República há muito tempo tem dificuldade de aumentar a sua popularidade nas regiões Sudeste, Norte e Centro-Oeste e entre os votantes de maior renda. Se a conjuntura, política e econômica, for semelhante a de hoje, Lula terá condições de ser reeleito. Embora, claro, não seja franco favorito.
Mas estes dados não são os melhores preditores para a eleição de 2026. Na última eleição presidencial construí as minhas previsões baseadas nas variáveis medo e rejeição, as quais foram trazidas pelas pesquisas da Quaest. Considerando o declínio do lulismo em razão da Lava Jato e o comportamento do então presidente da República Jair Bolsonaro no enfrentamento da pandemia, afirmei em artigo no site Poder 360, em 13 de outubro de 2021, que o pleito eleitoral de 2022 seria caracterizado pelo medo. Neste caso, entre Lula e Bolsonaro, o vencedor da eleição seria o que provocasse menos medo, e, claro, tivesse a menor rejeição. E assim aconteceu!
Sobre 2026, indago: O candidato de oposição a Lula precisa ter Bolsonaro em seu palanque para vencer a eleição? O bolsonarismo é fenômeno moral e tem força entre os eleitores. Ele é concorrente do lulismo. Não existe força alternativa ao lulismo e ao bolsonarismo. Portanto, é mais do que natural considerar que o bolsonarismo não pode ser desprezado pelos candidatos de oposição ao governo Lula.
Contudo, observem que: 1) 54% não votam no ex-presidente Jair Bolsonaro; 2) 49% não votam no presidente Lula; 3) 50% não votam em Michele Bolsonaro; 4) 50% não votam no ministro da Fazenda Fernando Haddad – Pesquisa Quaest, maio de 2024. Por que estes dados são elucidativos? Simples! Lula e Bolsonaro seguem com alta rejeição. Portanto, se ambos vierem a concorrer novamente em 2026, teremos uma eleição semelhante à de 2022. Ou seja: vencerá o que tiver a menor rejeição.
Existe, contudo, outro dado bem elucidativo: Haddad e Michele Bolsonaro são produtos dos fenômenos lulismo e bolsonarismo e ambos têm rejeições semelhantes as de Lula e Bolsonaro. Portanto, se ambos disputarem o pleito de 2026, teremos, também, uma disputa entre os rejeitados. E um ponto fundamental: bolsonarismo e o lulismo levam as suas rejeições para os seus candidatos.
Observem estes dados: 1) 60% não conhecem Ronaldo Caiado; 2) 39% não conhecem Tarcísio de Freitas; 3) 30% não votaria em Tarcísio de Freitas – Pesquisa Quaest, maio de 2024. Se Caiado e Tarcísio se apresentarem como o candidato de Bolsonaro, é previsível que as suas rejeições venham a crescer. Se isto acontecer, a dinâmica da eleição de 2022 será semelhante à de 2026. Candidatos diferentes para conjuntura parecidíssima.
Mas como renunciar ao bolsonarismo? Não falo em desprezar o bolsonarismo. Mas vejo que Tarcísio e Caiado podem ser competitivos caso não sejam produtos fiéis do bolsonarismo. Se eles produzirem o discurso de Bolsonaro, a rejeição deles aumentará. Portanto, caso isto venha a acontecer, o lulismo seguirá favorito em 2026. A estratégia ótima para Tarcísio e Caiado é serem alternativas do eleitor bolsonarista, mas sem o radicalismo e conflitos do líder do bolsonarismo.