Sofisma eleitoral

Sofisma eleitoral

 

Por Adriano Oliveira – Cientista Político

Desde 1994, as eleições presidenciais brasileiras são caracterizadas pela polarização entre o PSDB e o PT. Este último tem desempenho superior ao PSDB em virtude de que acumula três vitórias na disputa presidencial. Enquanto o PSDB tem duas vitórias. A polarização entre estes partidos ocorreu em virtude de duas variáveis condicionais fundamentais: 1) O contexto econômico; 2) E a presença de candidatos aptos a atender as demandas advindas dos contextos.

Em 1994, a economia brasileira sofria com a alta inflacionária. Itamar Franco, quando presidente, permitiu que FHC e equipe criassem o Plano Real. Em virtude deste, a inflação começou a cair, o consumo cresceu lentamente e FHC foi eleito presidente da República. Apesar das várias ações meritórias de FHC, como a criação da Lei de Responsabilidade Fiscal, foi a expectativa positiva dos eleitores quanto ao futuro e a estabilidade monetária que garantiram a sua reeleição. 

O sucesso eleitoral de Lula em 2002 adveio da frustração dos eleitores para com o PSDB. E também através do cativo eleitor petista. Lula, apesar do escândalo do mensalão, conseguiu manter parte do eleitorado eufórico com a economia, em particular com o consumo, no decorrer do seu mandato. A ampliação dos benefícios sociais também contribuiu para a reeleição de Lula. Dilma foi beneficiada pelo sucesso econômico do governo Lula. Ela é de fato o pós-Lula. Ressalto, entretanto, que a avaliação dos méritos de Lula por parte dos eleitores não está apenas no âmbito da economia, mas também no seu “jeito de ser”. Lula conquistou a confiança e a admiração de parcela do eleitorado brasileiro – lulismo.   

Nas disputas entre PT e PSDB observo regularidades e semelhanças nas variáveis que explicam os respectivos sucessos eleitorais dos competidores. Em todas as eleições disputadas entre PT e PSDB, o contexto econômico e a aptidão do candidato para lidar com as demandas de tal contexto favoreceram a conquista do poder por parte das respectivas agremiações partidárias. Diante desta constatação, tenho como hipótese que um candidato de outro partido, diante de um contexto econômico desfavorável, pode vir a romper com a estabilidade observada nas disputas presidenciais – PT versus PSDB.

Entretanto, existe uma variável política a ser considerada. Em 1994, oito candidatos disputaram a eleição presidencial e a eleição findou no primeiro turno. Em 1998, doze candidatos concorreram e a eleição findou no primeiro turno. No ano de 2002 e 2006, seis e sete candidatos disputaram a eleição. E elas findaram no segundo turno. Em 2010, nove candidatos concorreram à presidência. Dilma Rousseff venceu a eleição no segundo turno.

Observem que o maior número de candidatos não possibilita, por si só, que a disputa presidencial finde no segundo turno. Os dados revelam que não existem associação positiva nem relação causal entre mais candidatos em disputa e término da eleição no segundo turno. Portanto, se os candidatos da oposição e Dilma travam disputa quanto à criação de novos partidos, os tranquilizo. O fim de uma eleição no segundo turno, não depende, necessariamente, do número de candidatos. 

 

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publicado 07/05/2013 - 10h17