O ato de prever deve ser a tarefa de qualquer ator político ou estrategista. Previsões não representam vereditos, no caso profecias, mas possibilidades. Ou seja: diante de dados indicadores, o que poderá ocorrer? Diante desta indagação, cenários surgem. E são estes que devem guiar a formulação de estratégias. Não é possível construir estratégias eficientes desconsiderando as conjunturas.
Atores políticos costumam ter receio do futuro. Eles gostam do presente. Deste modo, as análises políticas avaliam apenas as condições presentes e dai constroem estratégias. Só que as estratégias criadas precisam considerar as condições presentes e futuras. Se apenas o presente é considerado na criação das estratégias, elas poderão vir a ser avaliadas como equivocadas no futuro.
Em 2011, afirmei que a expectativa de poder do PSB no estado de Pernambuco durará até 2022. Frisei também, em 2012, que após a eleição municipal do Recife, um novo pólo de poder surgiria em Pernambuco liderado pelo PTB e PT. A primeira previsão continua válida e condicionou a origem da segunda. Entretanto, diante de tantas especulações que tentam elucidar os desejos dos pernambucanos e guiar as estratégias dos competidores, algumas indagações são necessárias com o objetivo de prever o futuro.
Neste instante, não existem indícios de que Eduardo Campos não será candidato à presidência da República. Diante desta conjuntura, indago: 1) Qual será o desempenho do candidato do PSB ao governo de Pernambuco? 2) Tal desempenho depende, necessariamente, do desempenho de Eduardo Campos na disputa presidencial? Tais indagações partem de duas hipóteses: 1) Se Eduardo crescer eleitoralmente na corrida presidencial, o seu candidato ao governo de Pernambuco tende a vencer a disputa; 2) Se Eduardo não crescer eleitoralmente, ou seja, continuar na terceira posição, o seu candidato ao governo de Pernambuco tende a perder a eleição.
Ao considerar as duas hipóteses apresentadas, podemos construir dois cenários para o desempenho do senador Armando Monteiro (PTB) na disputa para o governo do Estado. Neste caso, se a primeira hipótese vier a ser verdadeira, Armando perderá a eleição. Então, a segunda hipótese representa o contexto mais adequado para o candidato do PTB vencer a eleição em Pernambuco.
Observem que os cenários propostos consideram a seguinte premissa: a disputa presidencial de 2014 terá influência no desempenho dos candidatos ao governo de Pernambuco. Neste sentido, observamos que Eduardo, Dilma e Lula são os protagonistas em Pernambuco. Então, se Eduardo, Lula e Dilma são os atores estratégicos, volta à tona minha conclusão que publicizei em 2013: a disputa em Pernambuco será entre Lula/Dilma versus o governador Eduardo Campos.
Mas não descarto outras possibilidades. É possível o candidato do PSB vencer o senador Armando Monteiro na disputa para o governo, independente do desempenho de Eduardo na disputa presidencial? É possível Armando Monteiro ser eleitor governador diante de um desempenho frágil de Dilma Rousseff no Brasil e em Pernambuco? A melhor estratégia para a oposição derrotar o PSB em Pernambuco é ofertar duas ou uma única candidatura? As indagações apresentadas requerem respostas adequadas, as quais virão de pesquisas e interpretações sábias.