Por Adriano Oliveira – Doutor em Ciência Política. Professor da UFPE. Fundador da Cenário Inteligência.
Em 2006, disputavam a eleição para governo de Pernambuco dois candidatos do mesmo campo ideológico: Humberto Costa (PT) e Eduardo Campos (PSB). O candidato do PT tinha o apoio de Lula. No decorrer da campanha eleitoral, denúncias de corrupção contra o candidato do PT vieram à tona. No 1° turno Mendonça Filho conquistou 39,3% de votos válidos; Eduardo Campos obteve 33,8%; e Humberto Costa, 25,1%. No turno final, o candidato do PSB, com o apoio do lulismo, foi eleito governador.
Neste ano, existem dois candidatos do lulismo: Marília Arraes (SD) e Danilo Cabral. O candidato oficial do lulismo é o competidor do PSB, pois o PT o apoia. A candidata do Solidariedade faz campanha, assim como Danilo, evocando, sistematicamente, o lulismo. A estratégia inicial de ambos é a nacionalização com objetivo de possibilitar que a disputa final ocorra entre um candidato do lulismo versus o candidato do bolsonarismo.
Existem semelhanças entre 2022 e 2006, pois dois candidatos evocam o lulismo e, por consequência, passam a ser do mesmo campo ideológico. Nesta eleição, os dois candidatos do lulismo podem estar no 2° turno? Sim. O fato principal desta eleição é que o bolsonarismo tem razoável intensidade em Pernambuco. Portanto, o candidato de Bolsonaro poderá estar no turno final. Danilo Cabral, nesta eleição, é candidato do governador Paulo Câmara (PSB), o qual é aliado de Lula. Marilia Arraes apoia Lula e é oposição a Paulo Câmara.
Como Lula apoia Danilo Cabral e se a campanha for intensamente nacionalizada, o competidor do PSB pode estar no 2° turno. Não se deve desconsiderar a estrutura do PSB. Mas se a campanha for intensamente nacionalizada, Marília Arraes tem condições de também estar no turno final. Portanto, quanto mais votos o ex-presidente obter em Pernambuco, cresce a probabilidade do 2° turno ser disputado entre Marilia Arraes e Danilo Cabral. E quanto mais votos o presidente Bolsonaro conquistar em Pernambuco, crescem as chances de Anderson Ferreira disputar a eleição contra algum candidato do lulismo.
E quais as chances de Miguel Coelho e Raquel Lyra? A lógica da eleição em Pernambuco está posta: a nacionalização é preditor de votos. Portanto, a estratégia “nem Lula, e nem Bolsonaro” não contribui para o crescimento de ambos. Em algum momento, considerando, inclusive, a turbulência do País, eles vão precisar mudar a estratégia. Mas isto não significa que terão que ser Lula ou Bolsonaro.