Por Adriano Oliveira – Doutor em Ciência Política. Professor da UFPE. Fundador da Cenário Inteligência.
Setembro será mês decisivo para as eleições. O pleito eleitoral deste ano não será normal. Tumultos ocorrem, e tendem a acontecer mais com forte intensidade. Os tumultos não advêm da polarização bolsonarismo versus lulismo. Mas da opção que o presidente Bolsonaro faz para o conflito. Para ele, criar forte tumulto na eleição é estratégia ótima.
O Centrão é leal e grato ao presidente da república. Comanda o orçamento do Brasil, em particular, o secreto. Os parlamentares, inclusive, os da oposição, aprovaram, acertadamente, o socorro social para as pessoas que estão com fome e para caminhoneiros e taxistas que reclamam do preço dos combustíveis.
O presidente Bolsonaro pode, com paciência, esperar os efeitos do socorro social no eleitor. Não será surpresa se o governo Bolsonaro recuperar popularidade, crescer na intenção de votos, e tornar a vitória de Lula no 1° turno como algo improvável. Por outro lado, os novos benefícios sociais podem não ter efeito nenhum no eleitor e a vitória do candidato do PT no 1° turno ser bem provável.
Jair Bolsonaro teme a segunda possibilidade. Por consequência, segue a ter como estratégia ótima o conflito com as instituições, a descredibilização da urna eletrônica e o desejo de que parcela do bolsonarismo invada as ruas e tumultos ocorram. Se eles vierem a ser realidade, e existem evidências que mostram que serão, a eleição no Brasil tomará outro rumo.
As eleições para os governos estaduais sofrerão impacto do tumulto. Elas, volto a afirmar, não existem solitariamente. As pesquisas qualitativas revelam que o votante está bem atento à eleição presidencial. A eleição estadual é secundária. Ela só despertará fortemente o interesse do eleitor a partir de setembro. Será neste mês que as pesquisas de intenção de voto terão o poder de sugerir o futuro.
Quando o tumulto chegar, as eleições para os governos estaduais ficarão fortemente entrelaçadas com a eleição nacional. Não existirá o candidato à governador omisso às questões nacionais. Os que hoje se omitem, terão que se posicionar em relação à eleição nacional, especificamente, ao tumulto. A eleição ainda está na sua 1° etapa. Está fria. Na 2°, em meados de agosto, saberemos se o bolsonarismo recuperou popularidade. Será na 3° etapa, em setembro, que teremos ciência de quais são os favoritos a vencer as eleições para presidente e governador. E, claro, se a eleição acontecerá.