Qual o futuro da direita no Brasil?

Neste artigo, defino a direita brasileira como todo aquela que rejeita o lulismo e o petismo e tem a intenção de concorrer com eles. Abro mão de discutir valores e crenças da direita por uma razão muito simples: Os eleitores têm dificuldades de apontar as características da direita e da esquerda. A minha definição da direita é aqui meramente eleitoral. Trago à tona as condições de competitividade entre candidatos da direita versus da esquerda.
A direita em 2026 tem dois caminhos: 1) Insistir na associação com Jair Bolsonaro e disputar a eleição bolsonarizada; 2) Abandonar Bolsonaro, se apresentar como uma direita desbolsonarizada e democrática; e como alternativa ao lulismo e ao bolsonarismo. Se optar pelo caminho 1, o candidato ou os candidatos da direita tendem a perder a eleição. Se optar pelo outro percurso, a direita poderá superar o lulismo.
No caminho 1, parte da direita aguardará Bolsonaro até o último instante e outra parcela disputará a eleição defendendo o bolsonarismo. A estratégia de Jair Bolsonaro é semelhante a do presidente Lula em 2018. Nesta eleição, o líder do PT insistiu em sua candidatura mesmo tendo quase a certeza de que não disputaria o pleito. Fernando Haddad foi alçado como candidato e perdeu para Jair Bolsonaro no turno final.
Se Bolsonaro e a direita imitarem Lula em 2026, é possível que a direita ou os candidatos da direita herdem a forte rejeição do bolsonarismo e criem a conjuntura propícia para a reeleição do presidente Lula ou de outro candidato-lulista. Neste caso, teremos, mais uma vez, bolsonarismo versus lulismo, numa conjuntura que tende a ser mais favorável ao segundo do que ao primeiro.
Se a direita optar pelo caminho 2, abandonar o bolsonarismo o quanto antes, duas estratégias estão postas para a direita: 1) Um único candidato da direita disputa a eleição; 2) Vários candidatos da direita disputam o pleito. Em ambos os caminhos, o candidato precisar estar desbolsonarizado, próximo do centro político, e deixando bem nítido que é alternativa ao lulismo e ao bolsonarismo.
Pesquisas qualitativas revelam que a principal alternativa ao lulismo, ou melhor, ao atual governo Lula, não é o bolsonarismo. Isto não significa que o bolsonarismo não tenha força eleitoral. Esclareço que o bolsonarismo ganha pujança quando disputa solitariamente contra o lulismo. E perde força caso um candidato da direita desbolsonarizada opte por disputar o pleito. A direita que caminha para o centro e não para o extremo tem a oportunidade de derrotar o bolsonarismo e o lulismo no futuro pleito presidencial. Friso, contudo, que o lulismo chegará em condições de estar no turno final na vindoura eleição.
Por Adriano Oliveira – Cientista político. Professor da UFPE. Fundador da Cenário Inteligência: Pesquisa Qualitativa & Estratégia
