Por Adriano Oliveira – Doutor em Ciência Política. Professor da UFPE.
Sergio Moro provocou entusiasmo ao assinar a ficha de filiação ao Podemos. Foram várias previsões que surgiram. Dentre as quais, a de que o ex-magistrado conquistará os eleitores de Bolsonaro arrependidos e de que ele é forte competidor no âmbito da 3° via. Previsões extremamente apressadas e descabidas.
Candidatos sábios não seguem exclusivamente a intuição e o otimismo. Interpretam adequadamente pesquisas. É possível que em 2022, Sérgio Moro descubra que a sua candidatura a presidente da República seja inviável. Aliás, as evidências presentes neste ano já sugerem isto. Não é porque o ex-juiz “apareceu” à frente de Ciro Gomes na última pesquisa da Genial/Quaest, que ele seja competitivo. Aliás, o correto é dizer que na referida pesquisa o candidato do PDT e o presidenciável do Podemos estão tecnicamente empatados.
O momento de Sérgio Moro já passou. Era 2018. Nesta época, como bem revelo no meu último livro, “Qual foi a influência da Lava Jato no comportamento do eleitor? Do lulismo ao bolsonarismo”, a popularidade de Moro era elevada, a corrupção era tema forte entre os eleitores, e o lulismo estava em seu pior momento em razão da Lava Jato.
Pesquisa da Genial/Quaest mostra que 67% dos eleitores conhecem e não votariam no presidente Jair Bolsonaro. Em seguida, para minha surpresa, 61% conhecem e não votariam em Sérgio Moro. Por fim, 39% conhecem e não votariam em Lula. Portanto, observem, claramente, que as condições de 2018, por ora, não estarão presentes em 2022. Vejam também que a rejeição do presidente Bolsonaro é compressível. Por outro lado, a de Sérgio Moro não é.
Entretanto, tenho duas hipóteses. O declínio da rejeição de Lula e o aumento da reprovação ao governo Bolsonaro alimentam a rejeição de Sérgio Moro. Isto sugere que Sérgio Moro pode não crescer eleitoralmente em virtude da impopularidade do presidente da República. Segundo a pesquisa Genial/Quaest, 33% dos votantes afirmam que Jair Bolsonaro é melhor para resolver o problema da corrupção. Apenas, 1% afirmam que é Sérgio Moro.
Para 23% dos eleitores, a economia é o principal problema do Brasil. Seguido de saúde, 17%. Corrupção é citado por 9% – Pesquisa Genial/Quaest. Portanto, o tema corrupção, bandeira de Sérgio Moro, está enfraquecido na opinião pública. Conclusão: as condições de hoje não favorecem Moro. A candidatura ao Senado é, neste instante, a sua escolha ótima. Mas isto não significa, também, de que ele será eleito senador.