Há seis universitários no país para cada estudante de escola técnica. E o percentual de universitários entre jovens de 18 a 24 anos não é nada notável: 12%, contra a meta oficial de 33% em 2020.
Tais cifras põem em evidência a distorção na oferta dos dois tipos de ensino. Nos países desenvolvidos, a proporção é de três estudantes em universidade para cada aluno de curso profissionalizante.
A defasagem contribui para a escassez de mão de obra qualificada e favorece a evasão. Alunos sem perspectiva de cursar faculdade deixam o ensino médio para trabalhar, com salários baixos.
O diagnóstico foi tema da campanha eleitoral de 2010. Agora, o governo federal lançou o Pronatec (Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico).
O plano reúne e promete ampliar projetos já existentes, como os de expansão da rede técnica federal e de repasse de verbas para a expansão das unidades estaduais. A maior novidade está na oferta de 3,5 milhões de bolsas para alunos do ensino médio e trabalhadores obterem formação técnica. O número equivale à metade dos 7 milhões de secundaristas atuais.
Inspirado no ProUni, que oferece bolsas em universidades privadas, o Pronatec vai entregar neste ano R$ 700 milhões diretamente a instituições de ensino, em especial as do Sistema S (Sesc, Senai, Sesi etc.). O estudante poderá receber ajuda de custo para a alimentação e o transporte.
Outros R$ 300 milhões irão para o Fies (Fundo de Financiamento Estudantil), que será aberto a alunos do ensino médio e a empresas que oferecerem capacitação a seus trabalhadores. A verba de R$ 1 bilhão ainda precisa ser aprovada como crédito extraordinário no Orçamento da Educação.
Como no caso do ProUni, que ajudou a expandir o ensino de terceiro grau, o Pronatec poderá aumentar o acesso à profissionalização. Faltam técnicos de nível médio no mercado de trabalho, um ponto nevrálgico do temido "apagão" da mão de obra.