Políticos se consideram sábios. E muitos são de fato. Em alguns, a estratégia política independe de pesquisas de opinião ou da construção de cenários. Diversos deles prognosticam o comportamento dos atores. E, por consequência, mesmo não tendo lido sobre teoria dos jogos, conseguem se posicionar adequadamente no contexto político. Por outro lado, outros políticos são míopes. Só conseguem enxergar e reconhecer o presente. Eles não reconhecem, inclusive, a importância da construção de cenários.
Quem aposta na manutenção da aliança PT/PSB nos níveis estadual e nacional? Eu aposto, mas se e somente se, Dilma for favorita a ser reeleita e se o PT e o PSB conseguirem aparar as arestas que surgirão em virtude das eleições de 2012 e 2014. Em Pernambuco, Humberto Costa deseja ser governador. O PSB o apoiaria? Talvez sim. Basta Dilma estar bem avaliada e ofertar espaços ao PSB. Inclusive, a vice-presidência da República. Mas se isto não ocorrer? O rompimento deverá acontecer.
Ainda não vislumbro um rompimento entre o PT e o PSB na eleição municipal do Recife. Porém, reconheço que o PSB tem condições eleitorais de pleitear o cargo. Mas vislumbro que a eleição municipal de 2012 aproximará ainda mais o PSB do PSDB. Inclusive em Recife – a depender dos atores em disputa. Em outras capitais, como São Paulo e Belo Horizonte, o PSB poderá se contrapor ao PT.
Dois cenários deverão surgir em Pernambuco após as eleições de 2012. A existência de um, anula o aparecimento do outro. No primeiro, dois pólos de poder estarão presentes. Quais sejam: PT versus PSB, PSDB e PTB. Neste caso, o PT sinalizará fortemente – em razão da manutenção da prefeitura do Recife ou de atritos advindos de uma derrota – que Humberto Costa é candidato ao governo do Estado. Em virtude disto, eventos serão criados pelos petistas com o objetivo de promoverem o rompimento entre PSB e PT no âmbito estadual e de afastar Eduardo Campos de Dilma e de Lula.
O PSB, diante das condições acima frisadas, buscará se aproximar do PSDB nos níveis estadual e nacional. E tentará anular, através da cooperação, o crescimento do PTB no estado. Neste cenário, os partidos DEM e PSD serão atraídos pela liderança de Eduardo Campos. Caso o governador mantenha a sua expressiva popularidade, a atração será fortemente exercida.
No segundo cenário, o PT rompe com o PSB em virtude das possíveis razões apresentadas. Porém, no âmbito estadual, o PTB adquire musculatura eleitoral diante do possível sucesso nas eleições municipais em diversas cidades do interior. A candidatura de Armando Monteiro ao governo do Estado adquiri viabilidade. Com isto, crescerá a necessidade do PSB de ter como forte aliado o PSDB. E os membros do DEM poderão optar pelo PSDB ou PTB. O PSD caminhará com o PSB.
A conquista por parte do DEM, PMDB, PPS ou PSDB da prefeitura do Recife não altera fortemente os cenários sugeridos. Pois o DEM e o PPS poderão caminhar com o PSDB na eleição de 2012. Quanto ao PMDB, este poderá também ser atraído pelo PSDB. Não desprezo a possibilidade de o PMDB ou o DEM, aliados ou solitariamente, conquistar a prefeitura do Recife. E novos cenários surgirem!
Neste instante, os dois cenários mostrados são plausíveis. Porém, não desprezo os cisnes negros. Na trajetória eleitoral, eventos ocorrem. Portanto, fatos não previsíveis, como o sucesso eleitoral de um ator, podem possibilitar cenários aqui não prognosticados.