Djalma Silva Guimarães Júnior – Economista do Instituto de Pesquisa Maurício de Nassau
O que parecia improvável no início de 2011, hoje é um item bem plausível na agenda econômica do governo, a queda nas taxas de juros brasileira.
A partir do terceiro trimestre de 2010, ainda no governo Lula e em seguida no governo Dilma uma série de medidas com vistas à contenção da inflação tem sido adotadas, dentre elas a elevação da taxa Selic de 10,75%a.a. em Dez/2010 para 12,50%a.a. na reunião do Copom de Julho passado.
Todavia, a ameaça de recessão que paira no horizonte, oriunda da crise financeira na Europa e nos EUA, tem levado o governo a considerar a necessidade da adoção de medidas anti-recessivas para minimizar o efeito da crise externa na economia brasileira.
Neste cenário de iminência de uma crise financeira, por que o governo deve reduzir as taxas de juros?
Em primeiro lugar, uma recessão na economia global por si só se encarregará de reduzir as pressões inflacionárias através da redução no preço de algumas commodities, bem como o próprio aumento do desemprego resultante de qualquer crise tende a reduzir a demanda e conseqüentemente a pressão sobre os preços. Ou seja, abre espaço para uma redução nas taxas de juros.
Em segundo lugar, vamos considerar a taxa real de juros na economia, esta pode ser entendida como a taxa nominal de juros menos a inflação. Uma queda na inflação esperada sem uma redução na taxa de juros nominal tende a elevar a taxa real de juros. Tal elevação em um cenário de crise tende a deprimir ainda mais o investimento e aprofundar o processo recessivo. Assim este é outro bom incentivo para a redução da taxa básica de juros.
Ainda poderíamos falar do peso dos juros brasileiros sobre o endividamento público, etc., mas sem querer esgotar os bons motivos para a redução nas taxas de juros brasileiras, pode-se afirmar que uma redução nas taxas de juros, aliada a algumas medidas de política fiscal são necessárias para que o Brasil possa superar da melhor maneira possível mais esta crise.