Alguns empresários reclamam de Rodrigo Janot. Sugerem que ele impede a “economia de voltar a girar”. O presidente do Senado, Renan Calheiros, após o procurador-geral da República requisitar a sua prisão, afirma que dará prosseguimento a solicitações de impeachment de Janot. Eduardo Cunha, ao ser eleito presidente da Câmara, sugeriu que a presidente Dilma Rousseff influenciava o Ministério Público para que este o acusasse e o investigasse.
Eliseu Padilha, ministro do presidente interino Michel Temer, sugere que a Operação Lava Jato deve ter hora para findar. O juiz Sérgio Moro tornou público o diálogo entre a presidente Dilma e o ex-presidente Lula. Com isto, Lula não assumiu uma pasta no governo Dilma. Três ministros do governo interino Michel Temer foram demitidos em razão de acusações provenientes de investigações da Operação Lava Jato.
Romero Jucá, o ex-presidente Sarney e Renan Calheiros são acusados pelo procurador Rodrigo Janot de tentar obstruir a Lava Jato. Segundo versões, os atores citados buscaram um “acordão” para frear ou acabar com a Lava Jato. O procurador Deltan Dallagnol alertou que é possível que poderosos encerrem a Lava Jato.
Os fatos descritos sugerem que a Lava Jato provoca crises política e econômica. Mas isto não significa, de modo algum, que a Lava Jato é variável causal inicial que possibilitou a origem das crises. O cientista político André Singer mostra com sabedoria, em seu brilhante artigo, “Cutucando as onças com vara curta”, as causas das crises política e econômica. Resumo tais causas em uma assertiva: a presidente Dilma Rousseff contrariou os interesses da classe média tradicional, empresários e o setor financeiro. E ao meu ver, contrariou por não ter a sabedoria para o exercício do poder.
A Lava Jato é, portanto, uma variável interveniente que produz a continuidade das crises. Caso a Lava Jato não existisse, é possível que a presidente Dilma não tivesse sofrido o impeachment. Ações econômicas meritórias propostas pelo ex-ministro Joaquim Levy poderiam ter sido aprovadas pelo Congresso em 2015. Estas possibilidades são factíveis diante da ausência da Lava Jato. Assim como uma possibilidade óbvia: se não fosse a Lava Jato, o presidente interino Michel Temer não teria afastado três ministros.
A ocorrência de impeachment significa crise política, a qual impossibilita ações ágeis para a superação da crise econômica. Afastamentos de ministros representam crise política, pois coloca em suspensão um governo que procura saídas para a crise econômica.