Analisar a dinâmica política brasileira através das categorias esquerda e direita não contribui para a compreensão satisfatória dos desejos dos eleitores. Mas isto não significa que tais categorias não sirvam de atalhos para parte deles. Existem indivíduos que creem que tal partido é de esquerda. E, por consequência, votam no candidato a presidente da República filiado a este partido.
O debate sobre a futura eleição presidencial é, às vezes, enfadonho, pois se resume a dicotomia ideológica. Caso tenhamos olhar apurado para as eras presidenciais, constataremos que desde o governo FHC, consensos eleitorais foram construídos, os quais possibilitaram o enfraquecimento do debate ideológico. Os partidos tradicionais, como PT, PSDB e PMDB têm agendas semelhantes.
Na era FHC, o PT condenava o controle da inflação, a Lei de Responsabilidade Fiscal e as privatizações. A era Lula foi caracterizada pela manutenção da agenda econômica do governo FHC. A ex-presidente Dilma, incialmente, tentou romper com a agenda econômica em vigor, através do capitalismo de Estado. Após ser reeleita, descobriu que a agenda econômica implantada na era FHC precisava voltar. Ao assumir a presidência, Temer não desprezou a agenda consensual.
Quando o PT era governo, partidos criticavam as meritórias políticas sociais implantadas. É claro que as críticas não eram enfáticas, pois políticos, com razão, receiam contrariar eleitores. Mas a dicotomia gastos sociais e equilíbrio fiscal esteve presente no debate. Na eleição presidencial de 2014, o PSDB não condenou as políticas sociais do PT. E o governo Temer as mantém. A
A eficiência dos governos não deve depender fortemente de um partido. Mas do reconhecimento de uma agenda necessária. É importante para a sociedade que os principais partidos saibam que responsabilidade fiscal e políticas sociais são indiscutivelmente importantes.
Mas diante do consenso, o quê os presidenciáveis devem falar para os eleitores? Os partidos de oposição ao PT tendem a trazer o tema corrupção. Decisão arriscada, em razão de que considerável parte dos eleitores considera que a prática de corrupção é característica da atividade política. O PT apostará na falência do governo Temer. E com isto, reforçará o volta Lula. Tática também arriscada, pois Temer poderá adquirir popularidade. Portanto, o que os candidatos devem falar para o eleitor?