Como bem mostra variadas obras sobre o comportamento do eleitor, o bem-estar econômico dos eleitores importa para explicar as escolhas eleitorais. Entretanto, não considero o bem-estar econômico como variável determinante que garante a reeleição presidencial. Mesmo diante da satisfação econômica, outras variáveis influenciam as escolhas dos eleitores.
A última pesquisa do Datafolha para a eleição presidencial (22/03/2013) sugere que Dilma Rousseff é favorita para vencer a disputa em 2014. Entretanto, este favoritismo não deve ser encarado como sólido, pois considero, antes de analisar a posição dos candidatos, o nível de conhecimento dos eleitores para com eles. Ninguém vota em quem não conhece.
Mas a pesquisa mostra as razões objetivas que motivam 58% dos eleitores a optarem por Dilma Rousseff. Para 51% dos brasileiros, a situação econômica do Brasil vai melhorar nos próximos meses. 68% dos eleitores consideram que a sua situação econômica irá evoluir. E 49% dos entrevistados avaliam que o poder de compra dos salários crescerá.
Os contextos sociais importam. E neles estão presentes eventos que podem vir a influenciar a decisão dos eleitores. Diante desta premissa básica que deve auxiliar a análise política e a construção de estratégias eleitorais, indago: se a percepção da opinião pública constatada em março de 2013 permanecer até meados de 2014, o que os candidatos Aécio, Eduardo e Marina dirão para os eleitores?
Ameaças existem quanto à possibilidade do contexto econômico de hoje não ser semelhante ao que virá em 2014. A possível alta inflacionária, advinda, em particular, do excesso da demanda e da baixa oferta, pode corroer o poder de consumo dos brasileiros, e com isto, o otimismo econômico dos eleitores não mais prevalecer. Mas não desprezo esse outro contexto: Dilma ser reconhecida pelos eleitores como mulher firme, decidida e corajosa para reduzir os juros, diminuir a conta de luz e findar a miséria.
Para os eleitores reconhecerem dadas caraterísticas em candidatos, estratégias de comunicação precisam ser criadas. Então, tenho a hipótese de que mesmo diante de um contexto econômico adverso, Dilma permanecerá favorita para vencer a disputa eleitoral em 2014.
Mas, faço uma ressalva: a presença de Aécio Neves, Eduardo Campos, Marina Silva e Fernando Gabeira pode vir a levar a eleição para o segundo turno em razão, neste instante, do número de competidores. Certamente, a razão de hoje se juntará a outras razões que podem vir a fazer com que a disputa presidencial de 2014 finde apenas no segundo turno.
Neste instante, o desafio de Aécio, Marina e Eduardo é apenas um: encontrar adequada estratégia discursiva para convencer os eleitores. O resgate da disputa histórica entre PSDB e PT, utilizada insistentemente por Aécio, não é estratégia adequada. A estratégia de “ser diferente” utilizada por Marina talvez tenha chegado ao esgotamento. A possibilidade de o eleitor reconhecer Eduardo como o pós Lula, também não é adequada, pois o pós Lula é Dilma. Então, o que os candidatos da oposição têm a dizer contra a Dilma? Pesquisas junto com criatividade e inovação mostrarão o caminho.