Quando do impeachment da presidente Dilma Rousseff, construí a seguinte hipótese: A “saída” de Dilma da presidência ressuscitará o Lulismo. Esta hipótese não estava desprovida de razoabilidade, pois a ascensão de Michel Temer ao poder, apoiado pelo PSDB, faria com que a crise econômica trocasse de lado. Sairia do lado do PT e iria para o lado do presidente Michel Temer.
O presidente Michel Temer tinha duas escolhas a fazer quando da sua chegada à presidência da República: Ser gerente da crise ou reformista. Gerenciar a crise poderia lhe trazer popularidade. E ser reformista o faria impopular. O presidente Temer optou por ser reformista. Então, ele tende a ser impopular.
A impopularidade do presidente Michel Temer reforça a ressureição do Lulismo. Parte dos eleitores brasileiros resiste à reforma da Previdência e a terceirização. Apesar da redução dos juros e do controle da inflação, a dinâmica econômica continua frágil e não gera emprego e renda. Portanto, o presidente Temer é e deve continuar a ter reduzida popularidade.
A “saída” de Dilma Rousseff da presidência representou para diversos atores a estratégia ótima para liquidar o PT e, claro, o Lulismo. Entretanto, os atores foram míopes, pois não consideraram os mecanismos expostos acima, os quais se resumem a: O impeachment da presidente Dilma levou a crise para o presidente Michel Temer, o qual optou por ser reformista em período de forte crise econômica. Ser reformista gera impopularidade. Ao ser impopular, o governo Temer fortalece o Lulismo.
O ressurgimento do Lulismo é observado na alta popularidade do ex-presidente Lula. Pesquisa do Instituto Uninassau realizada em março deste ano revela que 65% dos eleitores pernambucanos desejam votar nele para presidente da República. E 70% o consideram como o melhor presidente da História do Brasil. O Instituto Uninassau revela ainda que 90% dos eleitores reprovam a gestão do presidente Michel Temer.
Os dados expostos comprovam os mecanismos que apresentei. Contudo, esclareço que os pernambucanos sempre foram, em sua maioria, lulistas. Em novembro de 2010, pesquisa do Instituto Uninassau revelou que 89,9% dos pernambucanos consideravam o então presidente Lula como o melhor da História do Brasil. Considerando os dados da pesquisa de novembro de 2010 e de março de 2016, observo declínio mínimo de popularidade do ex-presidente.
Os mecanismos apresentados encontram sustentação na memória positiva que os eleitores têm da era Lula. Mesmo diante das diversas acusações de corrupção e da má avaliação da ex-presidente Dilma, os eleitores, majoritariamente, optam por julgar o ex-presidente pelos feitos do seu governo, desconsiderando outros fatores.
Os dados de Pernambuco servem para explicar satisfatoriamente o Lulismo no Brasil? Obviamente que não. Pesquisas mostram e sempre evidenciaram que o Lulismo perdeu e perde adeptos nas regiões Sul e Sudeste. Porém, destaco que em dezembro de 2016, o ex-presidente Lula tinha 25% de intenções de voto no todo do Brasil (Instituto Datafolha). Em fevereiro de 2017, ele obteve 30,5% (Instituto MDA). Pesquisa IPSOS divulgada em março deste ano mostra que 38% aprovam o ex-presidente Lula.
Diante da impopularidade de Temer, o Lulismo renasce. A “saída” de Dilma da presidência não foi estratégia ótima da oposição para reconquistar o poder. As variadas denúncias de corrupção contra o ex-presidente e o péssimo governo Dilma não inibem fortemente o ressurgimento do Lulismo. Condições propícias para o PT voltar à presidência estão postas. Resta a dúvida se o ex-presidente Lula disputará a eleição presidencial vindoura.