O comportamento dos eleitores sofre mutações. Em razão delas, ciclos eleitorais surgem. Em dado instante, partido X ou ator Y vencem a disputa eleitoral. Em outros, perdem as disputas. Os ciclos eleitorais revelam que o poder não é eterno.
Muitos, e a própria imprensa, apostam em Lula para a disputa presidencial de 2014. Por diversas vezes frisei que Lula não voltará. Desde a chegada de Lula à presidência da República, o PT virou o partido da moda em razão do lulismo. O lulismo é um fenômeno eleitoral visível no eleitorado brasileiro, mais visível na região Nordeste. Por meio do lulismo, candidatos vencem as eleições. Este foi o caso de Dilma. Entretanto, neste instante, tenho dúvidas quanto à influência do lulismo junto à escolha eleitoral dos indivíduos.
Lula é admirado, mas isto não significa que os eleitores querem ele de volta à presidência. Ou que ele é um forte cabo eleitoral. Líderes podem ser admirados em razão do seu passado. Mas eleitores podem não desejá-los para o futuro.
Lembro, que por muito tempo, o PFL, hoje o DEM, tinha ministérios, secretários de estado e uma grande quantidade de prefeitos. Muitos atores precisavam do PFL para conquistar um mandato. Hoje, nem todos precisam. São os ciclos eleitorais. O lulismo, portanto, não é perene.
Em Pernambuco, desde a vitória de Eduardo Campos, um novo ciclo político surgiu. O PSB é o partido da moda. Todos querem fazer parte do PSB ou serem aliados dele. Em Recife, o PT cresceu em razão da liderança de João Paulo. Porém, o PT hoje depende – eleitoralmente e politicamente – claramente do PSB ou de Eduardo Campos para manter a prefeitura do Recife e para conquistar o governo do Estado em 2014.
Eduardo Campos avança sobre o eleitorado do PT na Região Metropolitana do Recife (RMR). As Unidades de Pronto Atendimento (UPAS), o seu estilo, a conquista de adeptos em prefeituras da RMR e a associação com o ex-presidente Lula, possibilitaram que Eduardo conquistasse à opinião pública. As obras viárias anunciadas reforçarão a imagem de Eduardo Campos junto ao eleitor.
Mesmo que a oposição vença a disputa eleitoral em Recife, Eduardo manterá a sua liderança. E, prevejo, que caso um ator oposicionista conquiste a prefeitura do Recife, ele buscará uma aproximação política com o governador.
É claro que o quadro sucessório em Recife não está claro. Surpresas podem ocorrer, pois ainda existem duas dúvidas: 1) Quem será o candidato da oposição? 2) E qual será a escolha de João Paulo? A oposição poderá, caso dado ator vença a disputa, criar uma sombra para a liderança de Eduardo. O retorno de João Paulo a prefeitura poderá trazer problemas para a base de Eduardo na eleição em 2014.
Contudo, neste instante, a conjuntura é caracterizada pelo eduardismo. Todos desejam ser aliado de Eduardo Campos. Prevejo que a forte expectativa (Eduardo Campos forte eleitoralmente) de poder do eduardismo e sua forte influência sobre os atores durarão até 2018 em Pernambuco.