No último Boletim da Cenário escrevi que o presidente Bolsonaro estava sob pressão. Pois bem. A pressão não cessou. Ela continua. A semana que finda foi marcada pela atitude equivocada do presidente Bolsonaro em demitir o ministro da Defesa, general Fernando Azevedo. Em seguida, os chefes das forças militares foram demitidos ou pediram demissão. Jair Bolsonaro trouxe os militares para o balde da crise.
Antes, no balde, estavam presentes as crises sanitária e econômica. A crise política estava também presente, mas enfraquecida, em razão de que o presidente da República tem a boa vontade do Centrão. E este tem benefícios do governo. Nada mais legitimo. Pois quem apoia, deseja espaço no poder. No balde não estava o mercado, o grande PIB. Mas o recente manifesto do mercado sugere que grandes empresários entraram no balde, isto é, não acreditam em melhora da economia com o governo Bolsonaro.
Se antes, o presidente da República acreditava que poderia contar com os militares, os fatos da semana sugerem que não. Os militares deixaram claro para a opinião pública que não estão dispostos a contrariar a Constituição. A semana finda com o presidente solitário e sofrendo pressão de variados atores.
O conflito com os governadores segue. Assim como o aumento de mortes por Covid-19. O atraso na vacinação é nítido. Jornais trazem hoje a indisposição do presidente da República em se vacinar, mesmo adquirindo o direito amanhã.
Pois bem: qual é o futuro do presidente Bolsonaro?
Cenário 1: O impeachment, caso o presidente insista em radicalizar contra atores políticos mais o avanço das crises sanitária e econômica.
Cenário 2: Jair Bolsonaro cede. Abre diálogo com governadores e o ritmo da vacinação aumenta. Com isto, o presidente adquire condições de recuperar popularidade. Pesquisa do PoderData mostra que 53% dos eleitores reprovam o governo Bolsonaro.
Cenário 3: O presidente Bolsonaro não sai do lugar. Nem radicaliza, nem cede. Assim ocorrendo, é possível que o Centrão mais os militares gerenciem as crises até 2022.
Observem que a estratégia ótima para o presidente Bolsonaro se mantém: ceder. Com isto, ele adquire de relativa para forte condições de recuperar popularidade. Lembrando: não adiante intenso debate sobre 2022, se ainda não está claro qual é e qual será a influência da pandemia nos desejos e crenças dos eleitores.