O eleitor não é para principiantes

O eleitor não é para principiantes

A greve dos caminhoneiros revelou que a compreensão do eleitor brasileiro não é para principiantes. O presidente Temer, ao assumir a presidência, decidiu implementar, corajosamente, agenda alternativa a do PT, a qual é caracterizada pelo uso do Estado como instrumento para interferência no mercado e como ativo provedor de políticas públicas. Temer desenvolveu ações para retirar o Estado da economia. Reduziu a inflação e os juros. Fez a reforma trabalhista e aprovou limite para o gasto público. Concedeu independência à Petrobrás. E tentou fazer a necessária reforma da Previdência.

Suponho, que no inicio do governo, os estrategistas de Temer partiram da seguinte premissa: os eleitores, majoritariamente, desejam a saída de Dilma. Por consequência, o Brasil precisa de uma agenda diferente da do PT. Premissa, em parte, verdadeira. Os eleitores, em sua maioria, queriam Dilma fora da presidência. Eles, majoritariamente, como bem revelam as pesquisas, defendem a redução de impostos. Parte deles deseja ser empreendedor. Alguns reclamam dos privilégios no setor público.

Entretanto, no universo dos que apoiavam o impeachment de Dilma, observava-se admiradores do governo Lula. No grupo de eleitores que foram às ruas com a camisa do Brasil clamando “Fora PT”, estão presentes eleitores contrários à reforma da Previdência e de uma Petrobrás regida pelas regras do mercado. No universo dos que bateram panela contra o PT, estão eleitores que desejam que o filho faça concurso público e que entre numa universidade pública. Dentre estes, inclusive, estão funcionários públicos que reclamam do congelamento dos salários.

No grupo dos lulistas estão os eleitores contrários à agenda de Temer.  E no grupo dos antilulistas estão os eleitores que reprovam a agenda Temer, não reprovam o todo da agenda lulista, e deixaram de gostar do Lula em razão das denúncias de corrupção e de outros motivos, como, por exemplo, o aumento do preço dos serviços.

O presidente Temer não conquistou os eleitores lulistas e nem antilulistas. Se as meritórias ações do seu governo – redução da inflação e dos juros, reforma trabalhista e controle do gasto público – tivessem gerado benefícios diretos e imediatos para o brasileiro, Temer hoje seria forte candidato à reeleição. Se o governo Temer tivesse mantido na Petrobrás a mesma política do governo do PT, a greve dos caminhoneiros não teria ocorrido, e nem parte majoritária da sociedade tinha apoiado tal movimento. Ao contrário. Os eleitores estavam felizes e, talvez, parcela deles já tivesse esquecido o Lula na prisão.

 

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publicado 08/06/2018 - 08h10