O contador de votos
Por Adriano Oliveira – Cientista Político – http://www.leiaja.com/
Os contadores de votos estão em toda parte. Na Academia, na imprensa e nos partidos políticos. Os contadores de votos fazem pesquisas e olham sempre e exclusivamente para a variável intenção de voto. O que importa para eles é o percentual do primeiro colocado.
Se o candidato X tem 38% e o segundo colocado (Y), 19%, o contador de votos afirma imediatamente: “O candidato X deve vencer a eleição”. Quanto mais próximo do pleito, maior a convicção do contador de votos. O contador de votos não trabalha com hipóteses. Ele parte da premissa única de que escolhas feitas, escolhas consolidadas.
Os contadores de votos desconhecem a trajetória do eleitor. Para eles, os eleitores não sofrem influência das estratégias eleitorais e de outros eleitores. Esquecem ou não sabem que indivíduos interagem, formam preferências e fazem escolhas. A interação, a formação das preferências e as escolhas ocorrem numa trajetória.
Geralmente, os contadores de votos se decepcionam, silenciam e mudam de opinião. Candidatos se decepcionam e responsabilizam os institutos de pesquisas. Frisam, quase sempre, que eles erraram. Alguns acadêmicos ficam em silêncio ou decidem fazer um estudo pós-eleição para explicar as variáveis que possibilitaram a derrota de dado candidato. E a imprensa muda rapidamente de opinião.
Algumas obras presentes na literatura mostram que os contadores de votos precisam ficar atentos. Recomendo dois excelentes livros: Emoções ocultas e Estratégias eleitorais, de Antônio Lavareda. E Campaign Communication & Political Marketing, de Philippe j. Maarek. Além do meu recente artigo: O lulismo e as suas manifestações no eleitorado – http://seer.ufrgs.br/debates/article/view/20412Estas obras mostram o papel/importância das estratégias eleitorais e da conjuntura junto ao comportamento do eleitor.
Eleições municipais ocorrerão no próximo ano. Os contadores de votos já começaram a contar. Para eles, quem parte na frente ganha. Eles, infelizmente, não consideram os seguintes pontos:
- Prefeitos bem avaliados são reeleitos e perdem eleições.
- Prefeitos mal avaliados perdem e ganham eleições.
- As estratégias eleitorais importam. E elas, quando criadas adequadamente, podem mudar as escolhas dos eleitores.
- Boas ideias precisam ser ofertadas ao eleitor de maneira estratégica. Caso não, será uma boa ideia, mas sem efeito junto ao comportamento do eleitor.
- Pesquisas eleitorais revelam o instante. Mas podem possibilitar a construção de prognósticos eleitorais.
- Neste instante, o mais importante é identificar as condições de crescimento dos candidatos. Pesquisas sábias têm condições para tal.