O Centro desbolsonarizado e 2026

O Centro desbolsonarizado e 2026

O Centro é um conjunto de partidos que flutua entre a direita e a esquerda na trajetória política. Os principais partidos do Centrão fazem parte do Centro, quais sejam: União Brasil, PSD, MDB, Republicanos e PP. Ao contrário da eleição de 2022, observo que um candidato à presidência da República do Centro tem chances de vencer a eleição presidencial. Todavia, esse candidato não pode ser bolsonarizado.

Vislumbro o vindouro pleito presidencial sem a presença de Jair Bolsonaro, apesar da possibilidade de que ele insistirá até o último instante para ser candidato. Esse cenário pode prejudicar fortemente um candidato do Centro, pois são vários os atores do Centro que insistem equivocadamente em seguir próximo a Jair Bolsonaro.

A direita bolsonarizada estará presente na vindoura disputa presidencial com um ou vários candidatos. Se todos os candidatos da direita insistirem na bolsonarização, a conjuntura de 2022 será repetida em 2026, ou seja, uma disputa entre lulistas e bolsonarista. Tal conjuntura favorece fortemente à reeleição do presidente Lula ou de outro candidato do PT.

Por outro lado, se os partidos de Centro optarem por desbolsonarizar o seu candidato, ele tornar-se-á competitivo e adquirirá chances para vencer a eleição, pois fugirá da polarização observada na eleição presidencial passada. Saliento também que o Centro desbolsonarizado deve estar unido em torno de uma única candidatura.

Por que o candidato do Centro pode vencer a vindoura eleição presidencial? Em 2022, Lula e Bolsonaro eram fortemente rejeitados. A previsão daquela eleição deveria considerar a simplória hipótese: O candidato que chegar no dia da eleição com a menor rejeição vencerá. E assim aconteceu! O atual presidente da República representava naquela época para parcela dos eleitores a única esperança para derrotar Jair Bolsonaro. E o candidato do PL era a única esperança para derrotar o PT entre parte dos votantes.

Lula não era só a esperança contra o bolsonarismo. Milhões de eleitores tinham memória econômica positiva para com as eras Lula – 2002 a 2010. Memória positiva e esperança orientaram o voto ao candidato do PT. Bolsonaro era o inimigo a ser derrotado, pois, como as pesquisas qualitativas mostravam à época, “ele foi horrível na pandemia e não trouxe conquistas econômicas”.

A conjuntura de 2026 tende a ser diferente da conjuntura de 2002. No futuro pleito, o bolsonarismo chegará rejeitado e sem a presença do seu principal líder, Jair Bolsonaro; e com vários candidatos bolsonaristas. O lulismo deve disputar com Lula e prevejo que a sua taxa de popularidade será suficiente para lhe colocar no turno final.

Mas, ao contrário de 2022, Lula não mais será a esperança contra Bolsonaro, caso exista o candidato de Centro desbolsonarizado; e a memória de parcela dos eleitores estará recheada das seguintes expressões negativas, de acordo com recentes pesquisas qualitativas: “Lula já foi bom”, “Sou anti-PT”, “Está tudo muito caro”, “Lula dá com uma mão e tira com a outra (corrupção)”.

Além disto, dois novos sujeitos sociais estarão intensamente presente na próxima eleição: Evangélicos e empreendedores. Os primeiros, desde 2018, revelam forte rejeição ao lulismo por motivos econômico e moral. E os segundo, e muitos deles são evangélicos, reclamam da alta carga tributária e acreditam no esforço individual como vetor da prosperidade.

Por Adriano Oliveira – Doutor em Ciência Política. Professor da UFPE. Fundador da Cenário Inteligência: Pesquisa Qualitativa & Estratégia

 

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publicado 25/02/2025 - 02h20