Por Adriano Oliveira – Doutor em Ciência Política. Professor da UFPE. Fundador da Cenário Inteligência
A hipótese da nacionalização das disputas estaduais segue presente. Todavia, recentes pesquisas têm mostrado que a variável avaliação do governo a enfraquece. Observem o comportamento dos eleitores em Minas Gerais, São Paulo e Rio de Janeiro. Nas disputas destes Estados encontro fatos que servem para decifrar a força da nacionalização, inclusive, em outras unidades da federação.
Em Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), candidato à reeleição, tem, segundo diversas pesquisas, alta aprovação e lidera a intenção de votos. Zema não apoia nenhum candidato a presidente da República. O seu adversário, Alexandre Kalil (PSD), apoia o ex-presidente Lula. Zema, até o instante, lidera e pode vencer a eleição no 1° turno. Kalil cresceu. Mas, por enquanto, não ameaça Zema. O quadro eleitoral de Minas Gerai sugere que governadores bem avaliados e candidatos à reeleição enfraquecem o impacto da nacionalização na disputa estadual.
No Rio de Janeiro, o governador Claudio Castro (PL) tem razoável aprovação, 32% (IPEC), e 22% o reprovam. Castro é candidato à reeleição, tem o apoio de Jair Bolsonaro e lidera a disputa contra Marcelo Freixo (PSB), o qual tem o apoio de Lula. Bolsonaro e Lula estão em disputa acirrada no estado fluminense. A eleição no Rio de Janeiro sugere que governadores com baixa reprovação não precisam fortemente da nacionalização para vencer a disputa.
Em São Paulo, Rodrigo Garcia tem 19% de reprovação (IPEC), mas não lidera. Tarciso Freitas (PR), candidato do presidente Bolsonaro, está, neste instante, à frente do atual governador. Considerando as dinâmicas eleitorais de Minas Gerais e Rio de Janeiro, é possível considerar que a segunda vaga no 2° turno contra Fernando Haddad (PT), o qual tem o apoio de Lula e lidera há um bom tempo, está em aberto. Ressalto, contudo, que Rodrigo Garcia era vice de João Dória (PSDB), ex-governador com baixa popularidade.
A conjuntura dos três Estados apresentados possibilita as seguintes hipóteses: 1) A nacionalização perde força explicativa da eleição estadual, quando o candidato à reeleição ao governo do Estado está aprovado ou reprovado; 2) Candidatos aos governos estaduais com o apoio de governos impopulares não conseguem ser competitivos mesmo apoiando um candidato a presidente da República com alta popularidade. No vindouro 02 de outubro, saberemos.