Por Adriano Oliveira – Cientista político. Professor da UFPE. Fundador da Cenário Inteligência: Pesquisa qualitativa e estratégia.
Pesquisa do Datafolha para a prefeitura de São Paulo divulgada em 12/09/2024 revela que Pablo Marçal tem 31% das intenções de voto entre os evangélicos. O prefeito Ricardo Nunes, 29%. E Guilherme Boulos, 14%. Entre os católicos, Nunes e Boulos possuem 28% e 26%, respectivamente. Já Marçal, 16%. Na última pesquisa da Genial/Quaest (18/09/2024), o prefeito da capital tem 30%; e Marçal, 29%.
Vejam que entre os católicos, segundo o Datafolha, a disputa é acirrada entre os três principais candidatos citados. Desse modo, existe rejeição clara entre os evangélicos para com o candidato do PSOL, o qual é apoiado pelo lulismo. O desempenho de Boulos no eleitorado evangélico é semelhante ao de Lula na última eleição presidencial. E Marçal e Nunes são o Bolsonaro na disputa municipal de São Paulo.
Os evangélicos representam, de acordo com a amostra da pesquisa do Datafolha (12/09/2024), 23% da população paulista; e os católicos, 40%. Nunes e Marçal dividem o eleitorado entre os evangélicos. Portanto, o prefeito precisa ter um péssimo desempenho entre os evangélicos para perder a vaga no turno final para Marçal. Segundo a pesquisa da Genial/Quaest, Datena tem 62% de rejeição; Boulos, 46%; Marçal, 45%; e Nunes, 37%. Ao avaliarmos as rejeições de Marçal e do atual gestor da capital paulista mais as intenções de votos entre os evangélicos, chego à conclusão de que é árdua a tarefa de Marçal para estar no segundo turno.
Marçal substituirá Bolsonaro na preferência dos Brasileiros? Marçal ainda não é um fenômeno. É uma expecttaiva. O seu jeito grotesco de fazer política chama atenção. Ele também tem qualidades: Fala objetivamente para os batalhadores e a ralé brasileira. Ambos representam as pessoas que saem de casa todos os dias cedo, sem hora para voltar e sem perspectiva de folga, em busca da ascensão social.
Devo os brilhantes termos batalhadores e ralé ao sociólogo Jessé Souza. Eles advêm do ano de 2012. Nessa época, o bolsonarismo ainda não existia e o lulismo reinava no eleitorado brasileiro. Todavia, as pesquisas eleitorais já mostravam o declínio do lulismo entre eles. Exceto no Nordeste. Nas disputas presidenciais de 2018 e 2022, parcela dos batalhadores e da ralé fizeram a opção por Bolsonaro. É possível, caso exista condição, que eles voltem para Lula ou rumem para Marçal. Contudo, lembro que Marçal é uma expectativa. Jair Bolsonaro, uma realidade.