Lula será purificado?

Lula será purificado?

Em 20 de dezembro de 2010, o Datafolha revelou que 83% dos brasileiros aprovavam o governo do ex-presidente Lula. Era o último ano de Lula à frente da presidência da República. Lula entrava para a história brasileira como o presidente mais bem avaliado e liderando um fenômeno que permanece vivo até hoje: o lulismo. Por duas vezes consecutivas, o lulismo conseguiu eleger Dilma Rousseff.

Como o início Lava Jato, o lulismo começa o seu declínio. Em 2014, 56% dos brasileiros consideravam Lula como o melhor presidente da história do Brasil. Em 2016, no auge da Lava Jato, 39% – Datafolha. A Lava Jato, como bem revelei em meu ultimo livro, foi a variável principal que enfraqueceu o lulismo. Mas mesmo enfraquecido, o lulismo teve força para colocar Fernando Haddad no 2° turno da última eleição presidencial.

Pesquisas qualitativas realizadas pela Cenário Inteligência em vários cantos do Nordeste revelam que o ex-presidente é fortemente amado. Mas também existem eleitores que não gostam dele e o consideram uma farsa. Os que idolatram Lula reconhecem que ele fez pelos pobres e o Nordeste. Existe, também, os eleitores que não amam Lula. Mas reconhecem os feitos dele e creem que as denúncias da Lava Jato contra o ex-presidente são verdadeiras.

No dia 08/11/2019, o ex-presidente Lula foi solto. Após a soltura, o debate entre bolsonarismo e lulismo ganhou força, em particular, nas redes sociais e na imprensa. A soltura de Lula beneficia Bolsonaro. Pois o antilulismo, mesmo que a taxa de desemprego não diminua, tem o poder de manter estável ou aumentar os adeptos do bolsonarismo. Mas isto não significa, necessariamente, que tal mecanismo ocorrerá. Mas volto a afirmar: a hipótese de que o antilulismo reforça o bolsonarismo não deve ser desprezada.

Em 2020, ocorrerão eleições municipais. Em 2022, nova eleição presidencial. Qual será o desempenho do lulismo nestas duas eleições? O desempenho da economia tem o poder de fortalecer e enfraquecer o lulismo. Vejo isto como uma obviedade. Mas talvez não seja. Isto é: os que abandonaram o lulismo em razão da Lava Jato não voltam mais para ele. Esta assertiva é verdadeira? O tempo dirá.

Se um presidente da República tinha, em 2010, 83% de aprovação, o que motivou o seu declínio? Simples: a Lava Jato. Então, indago: é possível a purificação do ex-presidente Lula? No caso, os eleitores que o abandonaram podem voltar a admirá-lo? O STF poderá anular o julgamento do triplex. A taxa de desemprego pode ficar estável. E um amplo processo de inclusão social talvez não ocorra. Se estas possibilidades virarem realidade, o lulismo será purificado?

 

 

Por
publicado 23/11/2019 - 10h56