O ex-presidente Lula é o melhor candidato do PT na vindoura eleição presidencial? Aparentemente sim. Pois ele lidera todas as pesquisas eleitorais que foram divulgadas este ano. Contudo, o indicador intenção de voto esconde os desejos íntimos do eleitor e possibilita que o estrategista despreze outras variáveis que estão escondidas, como discursos que podem ser utilizados contra um competidor no decurso da campanha eleitoral.
Como frisei há tempos, o impeachment da então presidente Dilma Rousseff ressuscitaria o lulismo. Tal previsão foi realizada no decorrer do processo de impeachment e estava sustentada em três possibilidades: 1) O impeachment “jogaria” as crises política e econômica no “colo” dos partidos de oposição, em particular, do PSDB; 2) As reformas propostas pelo futuro presidente, no caso, Michel Temer, ocasionariam impopularidade para ele; 3) A memória positiva de parte dos eleitores para com o ex-presidente Lula permitiria que estes sentissem saudades dele em uma conjuntura econômica extremante desfavorável.
As possibilidades apresentadas à época do impeachment viraram realidade. O ex-presidente Lula é hoje candidato competitivo para estar no segundo turno da eleição presidencial de 2018. Mas isto não significa, de modo algum, que ele é candidato favorito para vencer a eleição no segundo turno. O candidato Lula não é o melhor ator para a reconquista do poder por parte do PT.
Uma campanha com Lula será judicializada. As instituições questionarão a sua candidatura na justiça. A judicialização gerará incerteza no eleitor. Isto é: “Se eu votar em Lula, ele assume?” Tal dúvida pode comprometer o seu desempenho eleitoral. A campanha com Lula será extremamente agressiva. Os seus oponentes utilizarão o guia eleitoral para acusá-lo e cobrar explicações dos diversos escândalos ocorridos em seu governo. Ele resgatará os bons feitos da sua era, mas terá que responder aos adversários. O candidato Lula falará mais do passado do que do futuro. Com isto, poderá ter dificuldade de conquistar eleitores indecisos/indiferentes.
Não insiro o candidato Lula em meus diversos cenários para 2018. Mas neles está o lulismo. Este, independente do candidato Lula, estará presente em 2018. E estará em razão do que já frisei: O afastamento da presidente Dilma não foi a melhor estratégia do PSDB, pois o comprometeu com o bem intencionado governo Temer, o qual realiza reformas que desagradam fatia do eleitorado.