Isolamento social e eleitor
O isolamento social é o melhor instrumento para salvar vidas diante da pandemia da Covid19. Através dele, o número de pessoas infectadas em dado espaço de tempo (15 dias, por exemplo) tende a ser menor. Por consequência, o sistema de saúde público (SUS) adquire condições para prestar melhor atendimento às vítimas da Covid-19 e de salvar vidas
O isolamento social contribui fortemente para o forte enfraquecimento da dinâmica econômica. Isto significa que salvar vidas é ato concorrente à manutenção do dinamismo econômico. Enquanto não existir vacina contra a Covid-19, outras quarentenas poderão ocorrer. E a quarentena de hoje poderá garantir rapidez na recuperação econômica vindoura. Conclusão: o mundo, em particular, o Brasil, está numa grande encruzilhada.
Soma-se a encruzilhada trazida pela dinâmica da Covid-19, o conflito entre parcela dos governadores e o presidente da República. Os chefes dos entes subnacionais defendem o isolamento. E o mandatário da Republica, a economia. São duas narrativas concorrentes que estão invadindo a mente dos eleitores diariamente. Qual narrativa conquistará maior popularidade entre os eleitores?
Pesquisa do Datafolha revela que em 03/04, 76% consideravam que era importante ficar em casa. No dia 17/04, o porcentual foi de 68%. E em 27/04, 67%. Portanto, em abril, observo queda e estabilidade quanto à opinião dos brasileiros em relação ao isolamento social. Pesquisa da CNT/MDA divulgada em 12 de maio mostra que 51,7% aprovam as ações do governo Federal no combate ao Covid-19. Pesquisas da Cenário Inteligência encontram inquietações dos eleitores com o isolamento social.
O que esperar do futuro? O ponto fundamental é identificar até quando a maioria dos brasileiros apoiará o isolamento social. Em algum instante, e isto é uma hipótese, o eleitor que hoje apoia o isolamento poderá dizer ao governador que o promove: “Sim, já demos a nossa contribuição. Até quando, você vai ficar falando em isolamento?” Identificar o instante em que isto ocorrerá, se é que ocorrerá, é o grande desafio.
O apoio ao isolamento social contribuiu para o aumento da popularidade dos governadores. O estresse com o isolamento possibilitará a queda de popularidade dos governadores? E a diminuição do apoio ao isolamento gerará recuperação ou estabilidade da popularidade do presidente Bolsonaro? Indagações que precisam ser cotidianamente feitas. E, claro, respondidas, com pesquisas e análise preditiva.
