Várias análises eleitorais são semelhantes às diversas análises de futebol. Isto não significa que todas elas são razoáveis. Existem análises fantásticas, preditoras e elucidativas. Mas, afinal de contas, onde estão as semelhanças entre as análises referidas?
São poucos os analistas eleitorais que desejam predizer o resultado da eleição. Os cientistas políticos são, quase sempre, refratários à previsão. Sempre citam o cientista político Philip Tetlock. Para este, a previsão é, geralmente, equivocada. O julgamento de Tetlock sobre as previsões serve de alerta e, por consequência, é uma guia para a formulação de boas previsões.
No futebol ocorre fenômeno semelhante. Os analistas, ex-jogadores ou jornalistas, refutam a previsão. Os analistas futebolísticos alegam que cada jogo “tem a sua estória”. É, parcialmente, verdade. Entretanto, a análise de algumas variáveis, como presença de jogadores decisivos, histórico de confrontos e desempenho atual dos times, são indicadores relevantes para a previsão no futebol. Na disputa eleitoral, os sentimentos e crenças dos eleitores, a estrutura de campanha e a leitura adequada da conjuntura, permitem a boa previsão. O cisne negro não deve ser desconsiderado.
Quando um time de futebol perde, os comentaristas responsabilizam, geralmente, os jogadores. Afirmam: “Falta elenco”. Mas se em um breve futuro, o time que “falta elenco” começar a ganhar, os mesmos analistas dirão que o “clima” entre os jogadores mudou. A opinião dos analistas muda repentinamente e radicalmente. E as reais causas que possibilitam o novo desempenho do time não são identificadas.
O candidato perde a eleição. Se este competidor era favorito, explicações insuficientes surgem. Como no futebol, as explicações nascem após a derrota do candidato. Ora, será que não é possível identificar antecipadamente ou no decorrer da campanha as variáveis que podem promover o sucesso ou não do competidor?
Assim como nas análises eleitorais, o analista de futebol traz exemplos de outros países. “Na França, Macron venceu. Portanto, um Macron poderá surgir no Brasil”. As condições que possibilitaram a existência de Macron estão também presentes no Brasil? “O esquema 4-2-3-1 é o mais utilizado na Europa. Portanto, deve-se usar este esquema no Brasil”. Mas dado time brasileiro tem jogadores com características apropriadas para este esquema tático? Em ano de Copa do Mundo, eleição e Brasileirão, devemos ficar atento às análises.