Em 2011, a intermitente queda de ministro possibilitou que a imprensa e variados analistas afirmassem que existia crise de governabilidade no governo Dilma. Neste ano, diante da saída de Romero Jucá da liderança do governo no Senado e a insatisfação da bancada do PMDB no Congresso Nacional, apressados insistem em dizer que existe crise no governo Dilma.
Demissões frequentes de ministros sinalizam de que algo está errado na governança. Mas isto não significa, necessariamente, que uma crise política exista. Troca de lideranças e manifestos de bancadas são comuns no presidencialismo brasileiro. Portanto, não existe crise política no governo Dilma.
É possível vir a ocorrer crise política no governo Dilma. Mas para tal evento acontecer é necessário que Dilma não tenha nenhuma habilidade política para lidar com os partidos da sua coalizão. Além disto, é imprescindível que a percepção positiva de bem-estar econômico que grande parte dos eleitores tem decresça. Por consequência, a avaliação da presidenta diminuirá junto à opinião pública.
As turbulências que ocorreram em 2011 e estão ocorrendo neste instante no governo Dilma não representam crise. Mas turbulências. Crise é um evento que surge por consequência de variadas turbulências, as quais podem ocorrer num dado instante ou em vários instantes, aparentemente, seguidos. Por ora, não constato isto.
As eleições municipais deste ano trarão mais turbulências para o governo Dilma. E elas revelarão uma disputa não tão silenciosa entre PMDB, PSB e PT. Esta disputa terá consequências nas eleições de 2012. E todas as agremiações frisadas têm o objetivo de enfraquecer ou uma ou outra.
O PSB sabe que para ser forte precisa enfraquecer o PMDB. Este, por sua vez, sabe que o PSB é uma ameaça a Temer. E o PT sabe que o PSB e o PMDB precisam ser enfraquecidos, pois desta forma, ele não se enfraquece. Desta disputa, o equilíbrio poderá surgir, o qual neste instante está presente. Mas a ruptura também pode nascer. E se isto vier a ocorrer, a crise surgirá.