Eventos que precisam ser considerados
Aconselho aos políticos e analistas de pesquisas que não se concentrem nos percentuais dos candidatos numa pesquisa eleitoral. Políticos e analistas devem ficar atentos aos contextos eleitorais que estão por vir. São eles que podem modificar as escolhas dos eleitores. A interpretação das escolhas dos eleitores depende fortemente do contexto eleitoral.
O contexto eleitoral é formado por dois atores: eleitores e competidores. E mais uma entidade, inicialmente abstrata, pois só se torna real quando passa a existir. Neste caso, falo dos eventos que podem florescer nos contextos eleitorais. Devem-se considerar também no processo de definição da escolha do eleitor, os efeitos das campanhas eleitorais. Elas importam muito, assim como bem sugere os autores Robert S. Erikson e Christopher na excelente obra The Timeline of Presidential Elections: How Campaigns Do (and Do Not) Matter.
Ao analisar os contextos e possíveis contextos eleitorais em Pernambuco, constato que os dados apontados por recentes pesquisas não importam muito quando o indicador considerado é apenas a intenção de voto. Entretanto, quando considero os contextos que podem surgir, os quais foram avaliados e sugeridos por pesquisas, prognósticos e interpretações adequadas surgem quanto à disputa estadual.
Continuo a afirmar que o senador Armando Monteiro continua a ser ator estratégico na disputa estadual de 2014 em razão de que ele pode caminhar, neste instante, com o PT ou com o PSB. Ambos os apoios são importantes e necessários para o possível candidato do PTB. Entretanto, considero um evento que pode vir a ocorrer: o retorno da aliança Eduardo Campos e PT – hipótese remota, por enquanto. Para isto ocorrer, Eduardo precisará desistir da sua candidatura presidencial e com isto exigir do PT, ou melhor, de Dilma e Lula, o apoio ao seu candidato ao Governo do Estado. Caso isto ocorra, a candidatura de Armando Monteiro perderá fôlego.
Fernando Bezerra Coelho (FBC) pode vir a se filiar ao PT ou a outras agremiações. A escolha partidária de FBC pouco importa, pois ele é hoje uma alternativa do PT em Pernambuco, independente da legenda. Assim como Armando, FBC também ocupa posição estratégica na disputa de 2014, pois ele pode vir a ser candidato ao Senado ou ao Governo com o apoio do PT e numa aliança com Armando Monteiro.
Uma aliança entre FBC e Armando Monteiro sustentada por Lula e Dilma, além de um quadro metropolitano advindo do PT para compor a chapa eleitoral, representa ameaça à continuidade do PSB à frente do Governo do Estado. Não desprezem o fato de que esta aliança tem o poder de atrair quadros como Inocêncio Oliveira e Eduardo da Fonte. Portanto, a candidatura presidencial do governador Eduardo Campos lhe trará benefícios no âmbito nacional, mas custos no plano local.
O interessante é que no xadrez eleitoral pernambucano a candidatura de Eduardo Campos à presidente fará com que as lideranças locais do PT continuem sufocadas pelo PSB. Mas se Eduardo não retomar a aliança com o PT, os petistas locais poderão ser ressuscitados com o apoio de Lula e Dilma e estratégias adequadas.