A literatura da Ciência Política sobre estudos eleitorais apresenta variáveis que orientam a escolha dos eleitores. Avaliação da Administração, Bem-estar econômico, Ideologia e Preferência partidária são os determinantes tradicionais. Variados estudos revelam a importância destas variáveis.
Recentemente, diversos trabalhos têm sugerido que outras variáveis existem, tais como Emoções e Sentimentos. Não desprezo as variáveis tradicionais. Entretanto, a cada instante, após avaliar pesquisas e campanhas eleitorais, constato que Emoções e Sentimentos podem explicar as escolhas dos eleitores.
O que o eleitor deseja? O que o eleitor prefere? Estas duas indagações, podem, certamente, ser respondidas através das variáveis tradicionais. Porém, várias obras sugerem que Ideologia e Preferência partidária não mais revelam de modo satisfatório a preferência do eleitor. Por outro lado, as variáveis Avaliação da Administração e Bem-estar econômico continuam a explicar.
Alguns problemas, contudo, surgem diante das variáveis Avaliação da administração e Bem-estar econômico. Por que prefeitos mal avaliados são reeleitos? Por que prefeitos bem avaliados não são reeleitos? Como explicar as escolhas dos eleitores na disputa municipal através da variável Bem-estar econômico?
Eleitores sentem emoções e têm sentimentos. Por isto, prefeitos mal avaliados são reeleitos. E gestores bem avaliados perdem a eleição. Emoções e sentimentos contribuem para a formação, consolidação e mudança da preferência dos eleitores. A preferência dos eleitores, quando identificada, possibilita a construção de estratégias eleitorais eficazes.
Em disputas municipais, o Bem-estar econômico dos eleitores pode importar. Mas tenho a hipótese de que esta importância só surge em virtude de uma conjuntura onde os eleitores do município associem fortemente o candidato a prefeito com o presidente da República, o qual proporciona o bem-estar econômico. Mas se isto não ocorrer, o Bem-estar econômico perde força explicativa quanto à preferência do eleitor.
Estrategistas não devem desprezar os determinantes do voto tradicionais. Mas precisam incorporar as emoções e os sentimentos às suas análises. Através deles, as preferências dos eleitores adquirem nitidez. Com isto, é possível criar estratégias para conquistá-los.