É possível o fim do petismo em 2014?
Por Adriano Oliveira – PhD em Ciência Política. 38 anos. Professor da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). Autor de variados artigos e livros sobre o comportamento do eleitor brasileiro. Dentre os quais: Eleições e pesquisas eleitorais – Desvendando a Caixa-Preta, Editora Juruá, 2012.
Desde 2002, o PT está à frente da presidência da República. Em junho de 2005, em razão do escândalo do mensalão, o ciclo petista foi ameaçado. Nesta época, variados atores políticos prognosticaram a interrupção da era Lula e o retorno do PSDB ao poder. Porém, Lula conseguiu criar estratégias discursivas que possibilitaram a manutenção do PT na presidência da República. Lula é reeleito em 2006 e deixa o governo em 2010 com recorde de popularidade.
Dilma é eleita presidenta da República com o apoio de Lula em 2010. Por cerca de dois anos manteve a popularidade em alta num contexto de crescimento econômico baixo e ameaça inflacionária. Em junho de 2013, manifestações ocorridas em variadas capitais do Brasil possibilitaram, junto com outros fatores, a redução da popularidade de Dilma. Pesquisas recentes mostram que o governo Dilma tem em torno de 30% de aprovação.
Neste momento, a indagação que surge é: é possível o fim do petismo em 2014? O fim do petismo pressupõe o fim da era petista à frente da presidência da República. Tal evento poderá ocorrer caso um dos cinco fenômenos venham a acontecer, quais sejam: 1) Recuperação da popularidade de Dilma; 2) Ressaca (cansaço) eleitoral para com o PT; 3) Recuperação da popularidade de Dilma, mas ressaca com o PT; 4) E não recuperação da popularidade de Dilma e ausência de ressaca para com o PT; 5) Não recuperação da popularidade de Dilma e eleitores com ressaca do PT.
Observem que distingo os fenômenos. O eleitor poderá realizar escolhas desconsiderando o partido ou desconsiderando o competidor. Noutros casos, o eleitor realizará a sua escolha, considerando o partido e o competidor. Tais eventos surgem em virtude da seguinte hipótese: o petismo existe em parte do eleitorado brasileiro e foi fortalecido em dadas regiões, como o Nordeste, em virtude do lulismo. Sendo assim, o partido PT importa para explicar, em parte, o comportamento do eleitor.
Caso o primeiro fenômeno ocorra, não existirão espaços para novos candidatos. A maioria dos eleitores optará pelo suposto porto seguro. Com isto, Dilma será reeleita. Se o segundo fenômeno vier a acontecer, Dilma sofrerá as consequências. Com isto, três outros eventos surgem, os quais mostram relações interdependentes entre o desempenho de Dilma e o petismo.
A recuperação da popularidade de Dilma poderá ocorrer, mas pesquisas podem revelar ressaca para com o PT. Diante deste cenário, tenho a hipótese de que os candidatos da oposição adquirem chances de vencer a disputa. Se não ocorrer a recuperação da popularidade de Dilma, mas a ressaca para com o PT não existir, surge contexto propício para o PT ofertar um novo candidato aos eleitores brasileiros. E se a ressaca com o PT existir junto com a não recuperação da popularidade de Dilma, algum candidato da oposição tende a vencer a disputa eleitoral.
Os argumentos apresentados foram construídos com base na dinâmica da última eleição para prefeito do Recife. Pesquisas realizadas mostraram, inicialmente, o então prefeito João da Costa (PT) mal avaliado. Porém, os eleitores desejavam que o PT continuasse à frente da prefeitura. No decorrer da campanha, pesquisas detectaram considerável diminuição dos eleitores que desejavam a continuidade do PT. E o prefeito manteve alta rejeição. Conclusão: o PT perdeu a eleição na cidade do Recife.