Dilma ainda é favorita?

Dilma ainda é favorita?

Por Adriano Oliveira – Cientista Político 

Pesquisas servem para animar ou entristecer os competidores. A última pesquisa do Datafolha (09/06/2013) anima a oposição e, certamente, preocupa os estrategistas de Dilma. As conjunturas vislumbradas podem ser modificadas, caso os atores ajam com tal objetivo. Neste sentido, Dilma tem, ainda, condições de modificar as conjunturas econômicas que estão por vir, e caso obtenha sucesso em tal façanha, ela continuará favorita em 2014.   

A pesquisa do Datafolha revela que 39% acreditam que a situação econômica do país irá melhorar. Em março de 2013, 51% acreditavam que a economia iria melhorar. 19% afirmam que a situação econômica irá piorar; em março, 10% tinham semelhante expectativa. 51% dos eleitores acreditam que a inflação irá aumentar. E 36% creem que o desemprego irá crescer. O clima de pessimismo quanto ao bem-estar ganha adeptos entre os eleitores

Diante de um clima de bem-estar econômico pessimista, o que fará os eleitores? A pesquisa do Datafolha mostra que Dilma continua a liderar a corrida presidencial. E quando Dilma não é a candidata, Lula lidera. Portanto, Dilma e Lula continuam a conquistar parte das mentes dos eleitores brasileiros. Para comprovar esta afirmação, a pesquisa do Datafolha revela que: 1) No universo dos eleitores que temem a inflação, Lula obtém 43% de intenção de votos. E Dilma, 40%; 2) No universo dos que temem o desemprego, Lula conquista 48% dos eleitores e Dilma obtém a preferência de 39%.   

Os dados do Datafolha sugerem que a dobradinha Dilma/Lula ainda garante o favoritismo de Dilma na disputa eleitoral de 2014. Entretanto, considero que se a conjuntura socioeconômica desfavorável vier a se consolidar até 2014 e diante do número de candidatos (Aécio Neves, Eduardo Campos, Marina Silva e o pastor Everaldo Pereira) a eleição tende a findar no segundo turno. Mas ressalto: como já mostrei em artigo anterior, maior número de candidatos não determina que a eleição finde no segundo turno. Os competidores precisam criar estratégias adequadas.

A pesquisa Datafolha traz dois pontos importantes, quais sejam: 1) O crescimento de Aécio Neves entre os eleitores; 2) A estabilidade de Marina Silva e Eduardo Campos no eleitorado. A expectativa de alta inflacionária por parte dos eleitores pode ter beneficiado Aécio Neves entre os eleitores maduros, pois ele é do PSDB, partido que criou o Plano Real. E o programa partidário do PSDB, no qual Aécio foi o ator principal, abordou sabiamente o tema inflação. A estabilidade eleitoral de Marina Silva e de Eduardo Campos mostra que o principal desafio do candidato do PSB, neste instante, é superar Aécio e Marina. E o principal desafio de Marina é crescer e, por consequência, não possibilitar a ultrapassagem de Aécio.

Quais dos três candidatos têm condições de crescer? Por enquanto, vejo Aécio com maior condição em virtude de ter construído um discurso oposicionista objetivo, o qual possui dois conceitos: combate à inflação e eficiência da gestão. O discurso de Marina ainda não foi posto. E considero que Eduardo Campos não pode continuar a insistir na tese da indefinição quanto à sua candidatura. Ele precisa afirmar que pode ser candidato. E com isto, criar discurso que lhe posicione como uma alternativa a Aécio, a Marina e a Dilma.  

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publicado 13/06/2013 - 06h13