São variadas as hipóteses surgidas por conta da “faxina” de Dilma. Alguns suspeitam de um possível impeachment da presidenta. Outros acreditam que a opinião pública apoiará Dilma. Existem os que sugerem a possibilidade de uma aliança entre Dilma e o PSDB. Estão presentes razões para o nascimento destas hipóteses. Contudo, a sugestão de hipóteses deve vir acompanhada da predição.
Ao contrário da economia, a Ciência Política brasileira sofre de déficit de capacidade preditiva. São raros os ensaios ou artigos preditivos construídos por politólogos. Os politólogos podem se afastar do “lugar comum” da Ciência Política, e desenvolver prognósticos. Ou análises com prognósticos. Existem ferramentas metodológicas na Ciência Política para tal empreitada.
Hoje, no Brasil, os prognósticos sobre o comportamento dos atores no contexto político são realizados, majoritariamente, por jornalistas. Alguns acertos são constatados. Entretanto, observo muitos erros.
Por outro lado, é essencial para a construção de prognósticos, a leitura de textos de jornalistas como Merval Pereira, Vinicius Torres e Dora Kramer. Eles interpretam muito bem os eventos. E em alguns momentos, realizam prognósticos. Ressalto, ainda, que prognósticos são e só são realizados com o auxilio da informação.
As recentes notícias e análises advindas da imprensa sugerem que Dilma, em razão da sua “faxina”, poderá sofrer impeachment. A “faxina” não é e não será suficiente para o impedimento da presidenta. Outros fatos, os quais qualifico de cisnes negros, pois não são identificados facilmente, podem proporcionar o impeachment de Dilma. Porém, a presidenta sabe que não pode “ir tão além” em sua faxina. Portanto, a hipótese levantada, certamente, não encontrará comprovação.
A opinião pública apóia as ações de Dilma contra a corrupção. Inclusive, Dilma, em razão delas, se posicionará ao lado ou à frente de Lula. Dilma adquirirá autonomia em relação a Lula nos âmbitos da imagem e da capacidade caso continui a ter comportamento firme em relação à corrupção. Contudo, o apoio da opinião pública não será suficiente para ela realizar uma ampla e forte cruzada contra a corrupção.
Dilma não se aliará ao PSDB. Mas poderá romper com o PT caso não seja competitiva em 2014. É interessante para o PSDB apoiar Dilma neste instante, pois contribui para que a opinião pública veja o ex-presidente Lula de modo diferente – tolerante com a corrupção.
Recomendo aos analistas que diante da informação, prognósticos plausíveis sejam construídos.