Ainda que por razões distintas, cresce na bancada peemedebista do Senado um movimento contra a hegemonia mantida pelos senadores José Sarney (PMDB-AP), presidente da Casa, e Renan Calheiros (PMDB-AL), líder do partido.
Evitando vincular essa articulação com qualquer ação da oposição ao governo petista, o senador Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE) atendeu a um pedido de Luiz Henrique (PMDB-SC) e vai oferecer hoje um jantar para os insatisfeitos da bancada. Esse grupo reúne de sete a 11 senadores.
As insatisfações são com indicações para as relatorias de projetos importantes, com o critério de preenchimento dos cargos comissionados da liderança do partido e até com as indicações para cargos no governo. Para Jarbas, o objetivo maior é tentar mudar a imagem do partido.
— Nossa ideia é discutir os rumos do partido, para garantir um PMDB menos fisiológico e menos comprometido com atos duvidosos — disse Jarbas.
A ala de insatisfeitos no PMDB do Senado está dividida em dois grupos. Um mais rebelde, liderado por Jarbas e Pedro Simon (RS), que incluiria os ex-governadores Luiz Henrique (SC) e Eduardo Braga (AM), Ricardo Ferraço (ES), Waldemir Moka (MS) e Cassildo Maldaner (SC).
Outro grupo, considerado independente mas igualmente insatisfeito, seria formado pelos senadores Eunício Oliveira (CE), Vital do Rêgo (PB), Roberto Requião (PR) e Wilson Santiago (PB). Todos os 11 — ou seja, a maioria da bancada de 19 — reclamam da concentração de decisões do partido nas mãos de Renan e Sarney.
Parte desse grupo contesta algumas das 38 indicações feitas em nome da bancada do Senado para cargos no primeiro e segundo escalão do governo Dilma.
Entre elas estariam não só a indicação do senador Edison Lobão (MA) para o Ministério das Minas e Energia, como a do ex-senador Sérgio Machado para a presidência da Transpetro, as quatro vice-presidências ocupadas na Caixa Econômica Federal e a nomeação de Paulo Roberto Cunha para a diretoria de Abastecimento da Petrobras.
— Não fomos consultados. Por que temos de assumir essas indicações? Quem indicou que assuma — reclama um dos insatisfeitos, sugerindo que são todos nomes de Sarney e Renan.
Esse grupo também avisa que não está disposto a arcar com o ônus de uma eventual candidatura de Renan à sucessão de Sarney na presidência do Senado, em 2013. Renan está em discreta consulta entre os peemedebistas para medir a receptividade da bancada a essa proposta.