Por Adriano Oliveira – Adriano Oliveira – Doutor em Ciência Política. 38 anos. Professor da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). Sócio da Contexto Estratégia. Autor de variados artigos e livros sobre o comportamento do eleitor brasileiro. Dentre os quais: Eleições e pesquisas eleitorais – Desvendando a Caixa-Preta, Editora Juruá, 2012.
Pesquisas de opinião que tentem desvendar o futuro tornam os cenários e as disputas eleitorais previsíveis. Mas previsão não significa ato de adivinhação. A previsão é a construção de cenários. Os cenários condicionam a criação de estratégias por parte do competidor com o objetivo de amenizar os riscos e para aproveitar as oportunidades da disputa eleitoral.
A eleição presidencial de 2014 tem sugerido variadas especulações quanto ao seu possível resultado. Tais especulações advêm, em parte, de eventos que ocorreram e que irão ocorrer. Em junho de 2013, manifestações aconteceram em diversas cidades brasileiras. No decorrer e após as manifestações, a avaliação da presidente Dilma Rousseff declinou. E voltou a crescer. Pesquisa de fevereiro deste ano mostra que a gestão petista tem 39% de aprovação. As várias pesquisas realizadas em 2014 revelam que Dilma continua a ter frágil favoritismo de vencer a eleição no primeiro turno.
É importante salientar que a gestão dilmista recuperou popularidade e as manifestações perderam. Em fevereiro, pesquisa do Datafolha revelou que 52% dos eleitores aprovam as manifestações e 42% a reprovam. Neste instante, a expectativa está em torno das consequências da Copa do Mundo para a eleição presidencial. A razão causal sugerida é que a Copa do Mundo pode trazer benefícios e malefícios para os presidenciáveis.
Segundo pesquisa do Ibope realizada em fevereiro do corrente ano, através de pergunta espontânea, 21% dos eleitores brasileiros afirmaram que sentiam, naquele momento, alegria em razão da Copa. Numa escala de 0 a 10, 7,0 foi a nota média obtida para aprovação ou desaprovação da frase “Eu sou um grande torcedor da seleção brasileira de futebol” – Ibope, fevereiro de 2014. Portanto, existe aprovação. A pesquisa do Ibope revelou que 58% dos brasileiros são favoráveis a realização da Copa do Mundo no Brasil. No Nordeste, região onde Dilma tem alta popularidade, 72% são favoráveis.
Pesquisa do Instituto de Pesquisa Mauricio de Nassau (IPMN) realizada no Recife em março deste ano revela que: 1) 73,3% dos entrevistados pretendem assistir aos jogos da Copa do Mundo; 2) 71,5% são favoráveis à realização da Copa do Mundo no Brasil; 3) 48,3% estão torcendo muito pela seleção brasileira; 4) 69,6% ficarão muito felizes ou felizes se a seleção brasileira conquistar a Copa; 5) 66,2% são contrários que ocorram manifestações durante a Copa.
Os dados das pesquisas do Ibope e IPMN sugerem que: 1) A maioria dos brasileiros é favorável à realização da Copa do Mundo no Brasil, apesar do volumoso gasto público em razão dela; 2) O declínio do apoio às manifestações diversas em virtude dos atos de violência indica que elas serão focalizadas e de baixa intensidade durante a Copa. As manifestações durante o evento esportivo da FIFA não serão semelhantes às de junho de 2013 – Alta intensidade; 3) Já que a Copa será realizada, parte dos brasileiros a deseja, torcerá pela seleção e ficará feliz com as vitórias.
Portanto, não vejo a Copa, neste instante, como evento que proporcionará intensas e grandiosas manifestações capazes de interferir fortemente de maneira negativa na disputa presidencial, em particular no desempenho de Dilma Rousseff. Outro dado importante: 55,3% dos recifenses não acreditam que as obras da Copa ficarão prontas antes do seu inicio. E neste universo, 52,6% consideram que a não conclusão das obras é de responsabilidade dos governos Federal e Estadual – IPMN, fevereiro de 2014. Portanto, as consequências negativas da Copa serão democratizadas entre os gestores.