Consumidores e eleição presidencial

Consumidores e eleição presidencial

 

Por Adriano Oliveira – Cientista Político

A literatura sobre estudos eleitorais aponta o bem-estar econômico da população como variável importante na construção de prognósticos eleitorais. Eleitores satisfeitos com a economia tendem a votar em presidentes que são os propulsores do bem-estar. O bem-estar econômico é também variável que possibilita que presidentes sejam bem avaliados nos âmbitos da gestão e da conduta pessoal.

Não sou adepto radical da premissa de que o bem-estar econômico é variável satisfatória para explicar as escolhas dos eleitores. Existem variáveis que podem vir a explicar, a depender da conjuntura, o desempenho dos candidatos à presidente da República. Entretanto, não restam dúvidas de que os candidatos da oposição à presidência da República apostam as suas chances na disputa eleitoral de 2014 na redução do bem-estar econômico dos eleitores brasileiros. Aposta válida. Porém, não suficiente para tranquilizá-los quanto ao desempenho promissor de cada um.   

Apesar do bem-estar econômico não ser para mim fator determinante para explicar sucesso e insucesso de competidores em disputas presidênciais, ele não deve ser desprezado. Diante disto, recomendo que os presidenciáveis fiquem atentos a um indicador fundamental: o Índice Nacional de Confiança do Consumidor (CNI/IBOPE). Este Índice é composto das seguintes variáveis: 1) Expectativa de inflação; 2) Expectativa de desemprego; 3) Expectativa de renda pessoal; 4) Situação financeira; 5) Endividamento; e 6) Compras de bens de maior valor.

Considerando as variáveis que integram o Índice Nacional de Confiança do Consumidor (Abril/2013), observo que: 1) 49% dos entrevistados têm a expectativa de que a inflação irá aumentar. E 24% afirmam que não; 2) 32% consideram que o desemprego irá aumentar. E 34% frisam que não vai mudar nada; 3) 30% têm a expectativa de que a renda irá aumentar. E 53% de que não vai mudar nada; 4) 31% consideram que a situação financeira irá melhorar. E 49% de que ela será mantida; 5) Para 22%, eles tendem a ficar mais endividados. E 46% consideram que manterão as dívidas existentes nos últimos três meses; 6) 56% continuarão comprando mais ou menos os mesmos produtos. E 36% acreditam que irão comprar mais.

Observem que os indicadores do referido Índice sugerem, neste instante, com exceção da variável inflação, acomodação de parte do consumidor brasileiro com a sua situação econômica. Faço esta assertiva em virtude de que o percentual dos que acreditam que nada mudará é sempre superior ao de que algo mudará. Diante desta realidade, indago: 1) Quando parte dos eleitores estão acomodados, eles estão satisfeitos com o desempenho do presidente da República? 2) Quando eles estão acomodados, eles tendem a votar na reeleição do presidente da República? 3) Eleitores acomodados são “presas fáceis” dos candidatos da oposição caso eles consigam convencê-los de que o futuro poderá ser melhor com um deles?

As pesquisas recentes sobre a eleição presidencial sugerem que eleitores acomodados tendem a votar na reeleição da presidenta Dilma. Porém, não desconsidero o fato de que eleitores acomodados, ao serem provocados pelos competidores da oposição, podem sair do estado de letargia e mudarem o seu voto. Ressalto, ainda, que 49% dos eleitores acreditam que a inflação tende a aumentar. Se assim ocorrer, a acomodação apontada pelos outros indicadores poderão se movimentar negativamente e com isto os candidatos da oposição adquirirem condições de conquistar  mais eleitores.

     

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publicado 07/05/2013 - 10h18