Em meados de 2016, um neófito candidato a vereador trouxe a seguinte indagação: “Gostaria de saber se existem estratégias para que eu possa ser eleitor vereador do Recife?” O candidato revelou que não tinha lideranças comunitárias, apoio do poder estatal e não era apoiado por sindicatos e movimentos sociais. Após todas estas informações, frisei: “O seu sucesso eleitoral é improvável”. O candidato não foi eleito. Para você ser eleito deputado estadual ou federal são necessários o apoio de prefeitos, opositores do prefeito, vereadores, vereadores não eleitos, lideranças comunitárias, sindicatos, movimentos sociais organizados, máquinas estatal e partidária. Se você não tem isto, a sua chance de sucesso eleitoral é diminuta. Um prefeito ou um ex-prefeito representa o candidato X no município. Através da troca de benefícios, estes atores conseguem votos para o competidor X. Assim também fazem o vereador e o vereador não eleito. Esclareço que os políticos com mandato exigem mais benefícios do candidato do que os políticos sem mandato. A liderança comunitária também é instrumento para a conquista do voto. Entretanto, eles não têm a força de captação de votos que têm os políticos de carreira. Ser o candidato preferencial do partido ou do candidato ao governo do Estado importa. Sindicatos e movimentos sociais contribuem para o sucesso eleitoral do candidato, em particular, os classificados de Esquerda. Tais atores têm o poder de organizar ações que podem render votos ao competidor. Neste âmbito, podemos encontrar o voto ideológico ou atrelado à preferência partidária, os quais são atalhos informacionais que orientam a escolha do eleitor. Existe o voto de opinião? Este é desprovido de qualquer interesse de troca. Ele existe. Mas não conheço competidores que foram eleitos apenas com voto de opinião. Isto significa que os outros atores/instrumentos citados são necessários para o sucesso eleitoral. E as estratégias eleitorais? Elas são necessárias. E inerente a elas, estão os instrumentos mostrados e a comunicação. Contudo, a boa comunicação política não elege, solitariamente, um candidato. Se você deseja ser deputado, abandone, urgentemente, a inocência. Desconfie do voto de opinião e dos seus seguidores nas redes sociais. Seja cético quanto ao potencial eleitoral do “novo”. E boa sorte!