Adriano Oliveira – Doutor em Ciência Política. Professor da UFPE. Fundador da Cenário Inteligência.
A história de Lula é recheada por desafios. Considero ele, um político extremamente bem-sucedido. Lembro, que logo após a sua prisão, o Lula foi qualificado como morto político. O seu retorno à presidência da República era impensável. Ressalto que, inicialmente, considerei a volta como cisne negro. Todavia, após as decisões do STF, vislumbrei possibilidade.
As críticas frequentes do presidente Lula ao Banco Central não faz bem ao governo. Elas revelam agonia e incapacidade de diálogo. Nas eras passadas, o atual chefe do Executivo exerceu o poder com calma, prudência e com muita vontade de conversar. Lembro que quem reclamava dos juros era o vice-presidente da República, José Alencar.
As falas atuais do Lula leva agonia para o mercado, gera incerteza quanto ao equilíbrio fiscal e o mais grave: alimenta expectativa para o crescimento da inflação. Com mais inflação, menor chance para a diminuição dos juros. Se o objetivo do presidente da República é reduzir os juros, não é estratégia ótima insistir nas críticas públicas ao Banco Central.
Segundo a imprensa, o presidente Lula está irritado com o presidente do Banco Central, Roberto Campos, em razão dele ter manifestado apoio ao ex-presidente Jair Bolsonaro. O presidente da República tem razão. Se comando instituição independente, preciso deixar bem claro que sou independente. Ressalto, contudo, que a elevação dos juros pelo Banco Central começou na era Bolsonaro. Então, a desconfiança para com Campos pode ser exagerada.
Não é compreensível que o presidente Lula afirme que as manifestações do dia 8 de janeiro foram realizadas em razão da revolta dos ricos. É incompreensível, também, quando muitos consideram que a polarização é o grande desafio do Brasil. As manifestações contra a democracia foram realizadas por extremistas, os quais estão em vários segmentos econômicos. Os conflitos fazem parte da democracia, eles só não podem desaguar na ação contra o Estado de Direito.
O presidente Lula foi eleito por representar o consenso em vários estratos socioeconômicos de que ele enfrentaria o extremismo, e, por consequência, a democracia seguiria preservada. Que promoveria a inclusão social, assim como já fez. E governaria para todos, sem distinção. Portanto, não é conveniente para a história de Lula criticar frequentemente o Banco Central e dividir ricos e pobres. O Brasil é um só. Um líder governa para todos.