Campanha e emoção

Campanha e emoção

O desafio da análise e das estratégias eleitoral e política é a superação da emoção. Isto é possível. Mas não é ato corriqueiro. A emoção causa ilusão eleitoral. Vencedores de hoje não serão os vencedores do amanhã. Os perdedores de agora serão os vencedores do futuro. Tais frases servem de alerta às vésperas da eleição.

Eleitores emocionados desprezam a razão. Podem ser míopes. Inerente à emoção/sentimento estão a paixão, a raiva, a vingança política e o perdão. Estas orientam o eleitor. Uma das funções dos estrategistas é provocar as emoções dos eleitores. E, por consequência, a sua miopia eleitoral. Eleitores emocionados representam “perigo”. Tendem a fazer escolhas aparentemente equivocadas. Porém, podem representar um trunfo para um candidato que hoje não seja favorito, por exemplo.

O eleitor apaixonado gosta do candidato e não tem explicação para justificar o seu gostar. Ele gosta e pronto. Não adianta revelar os “podres” dele. A raiva eleitoral surge por alguma promessa descumprida por parte do competidor. Ou por algum ato do candidato que o eleitor reprova.  A vingança eleitoral pode advir da raiva. Eleitores querem se vingar porque estão decepcionados ou contrariados. Eleitores que querem vingança criam conjuntura favorável para candidatos de oposição.

Eleitores perdoam. A razão também aqui não está objetivamente posta. Eles olham para o incumbente e compreendem os seus argumentos. Aceitam as suas desculpas. Por consequência, decidem dar nova chance. Por exemplo: “Reconheço que prometi. Mas não fiz em razão das dificuldades existentes. E você sabe: Todos nós temos dificuldades que precisam ser superadas”.

O estrategista, através de pesquisas, em particular qualitativas, precisa identificar, com bastante antecedência, mas ainda dá tempo, quais os emoções/sentimentos dos eleitores para com os competidores.  Os sentimentos presentes no eleitorado revelam, antecipadamente, como poderá ser a escolha do eleitor.

O melhor dos mundos é um eleitor emocionado. O pior dos mundos é um eleitor sem emoção. Não estou a defender a enrolação política. Apenas, estou lidando com o realismo eleitoral. Estratégias bem feitas precisam incentivar e reforçar as emoções dos eleitores. Entretanto, uma observação: Eleitores têm direito a se emocionar. Políticos e estrategistas não têm.

 

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publicado 06/08/2018 - 01h40