Os países emergentes tiveram seu pior desempenho econômico em dois anos no segundo trimestre de 2011.
Esses mercados ainda registram crescimento, mas a expansão ocorre em um ritmo mais lento.
A desaceleração tem sido provocada principalmente pelo setor industrial, que perde fôlego em consequência do enfraquecimento do comércio mundial.
"O mundo emergente está se desacelerando para valer. O que é positivo, já que esses países estavam passando por expansão muito forte, convivendo com pressões inflacionárias", diz Constantin Jancso, economista do HSBC.
O movimento de crescimento mais robusto registrado no fim de 2010 não se sustentou. A atividade econômica já havia se desacelerado no primeiro trimestre deste ano e voltou a perder fôlego nos últimos meses.
TENDÊNCIA
A tendência foi apontada pelo Índice de Mercados Emergentes (EMI na sigla em inglês), calculado pela consultoria Markit em parceria com o HSBC.
O indicador, que cobre 16 países, caiu de 55 no primeiro trimestre de 2011 para 54,2 no segundo (valores acima de 50 indicam expansão).
O ritmo recente já é mais fraco que a média histórica de expansão dos países emergentes (54,7) medida pelo índice, que começou a ser calculado no fim de 2005.
Apesar da atividade econômica mais fraca, o nível de emprego nas nações emergentes subiu pelo oitavo trimestre consecutivo e foi o mais forte em um ano.
Esse desempenho é explicado sobretudo por contratações no setor de serviços que continua crescendo a um ritmo mais forte que a indústria.
Mas o HSBC alerta para uma provável redução no ritmo de contratações nos próximos meses. Isso porque o nível de encomendas das empresas teve queda no segundo trimestre de 2011.
A inflação provocada por preços de insumos perdeu fôlego nos últimos trimestres.
Segundo Jancso, isso é resultado de políticas de aumentos de juros e medidas para restrição na concessão de crédito adotadas pela maioria dos países.
Ele alerta, no entanto, que é cedo para "comemorar uma vitória em relação à inflação". O economista explica que parte da desaceleração econômica do segundo trimestre foi provocada pela forte retração econômica do Japão, depois do tsunami que arrasou o país, em março passado.
"Nos próximos meses, vamos poder avaliar com maior precisão o tamanho desse impacto. Mas tudo indica que, independentemente disso, há mesmo uma desaceleração em curso nos emergentes."
Entre os grandes países emergentes, Índia e Rússia tiveram desempenho mais forte que China e Brasil.