O PMDB estadual abriu as portas para o ex-prefeito e deputado federal João Paulo (PT). Não houve convite oficial ao petista, como fizeram o PCdoB e o PDT, mas as lideranças do partido estão acompanhando com interesse as movimentações do ex-prefeito. A expectativa é saber se João Paulo vai optar pelo caminho da ruptura, como fez Jarbas Vasconcelos (PMDB) no início da década de 1990, ao romper com o ex-governador Miguel Arraes e se aproximar da oposição. A avaliação é que, no PT, João Paulo perdeu o espaço político, tanto para disputar a Prefeitura do Recife no próximo ano, como o governo do estado em 2014. O PMDB, nesse caso, poderia ser uma saída. Estaria longe da influência do governador Eduardo Campos (PSB) e daria flexibilidade para que João Paulo continuasse na base da presidente Dilma Rousseff (PT).
Pré-candidato do PMDB à Prefeitura do Recife, ainda que não assumido, o deputado federal Raul Henry negou conversas preliminares com João Paulo. Ele afirmou, em entrevista ao Diario, que a sigla não poderia montar uma estratégia para 2012 em cima de hipóteses, esperando qualquer decisão do ex-prefeito. ´Estamos trilhando nosso caminho. Não cabe a gente ficar especulando fora da nossa área específica`, explicou Henry. Nem todos da legenda e de outros partidos da oposição, contudo, pensam da mesma forma.
Informações de pessoas próximas ao senador Jarbas Vasconcelos dizem que o PMDB não poderia falar abertamente sobre o interesse por João Paulo, porque a legenda poderia se fragilizar, caso o ex-prefeito insista em permanecer no PT. Mas as conversas sobre a aproximação com o ex-prefeito existem.
Jarbas e João Paulo sempre tiveram boa relação, o que provocou desgastes entre o petista e o PSB. Não seria nada do outro mundo, portanto, que os dois se aliassem. ´Houve um estremecimento entre o senador e João Paulo no ano passado, quando o petista foi coordenador de campanha de Dilma Rousseff e reuniu prefeitos do PMDB no seu escritório. Aquilo incomodou Jarbas, porque os prefeitosjá tinham aderido ao palanque de Dilma. Não precisava que João Paulo viesse a reuni-los. Mas isso não seria um empecilho`, declarou outra fonte em reserva.
Esse influente personagem da oposição diz que João Paulo tem de trilhar o caminho da ruptura ou enterrar o futuro político. Isso porque o petista anda de forma independente em relação a Eduardo Campos, rompeu com João da Costa, não tem o controle do partido, mas não abre mão de permanecer na base de Dilma Rousseff. ´Se ele viesse para o nosso lado, Raul poderia negociar com ele. Agora, o próprio João Paulo tem que decidir a vida dele. Tem que decidir se quer ou não romper, porque todo mundo sabe que, se João da Costa não for candidato à reeleição, João Paulo nunca seria um nome escolhido por Eduardo, nem pelo PT`, analisou, pedindo anonimato.