Por Adriano Oliveira – Doutor em Ciência Política. Professor da UFPE. Fundador da Cenário Inteligência.
É obrigatório falar sobre incertezas na eleição. Elas não devem estar apenas nas análises dos estrategistas, mas, também, na tomada de decisão dos candidatos. Na eleição de Pernambuco existem duas certezas: 1) Danilo Cabral é o candidato do PSB com o apoio de Lula e do governador Paulo Câmara e em condições propícias de estar no 2 turno da disputa; 2) Anderson Ferreira (PL) é o candidato do presidente Bolsonaro e em condições adequadas de estar no turno final. Estas duas certezas advêm de que até o instante duas candidaturas dominam o ambiente eleitoral brasileiro: Lula versus Bolsonaro. E se assim permanecer, a nacionalização será estratégia dos candidatos do PSB e do PL.
Por outro lado, estão presentes incertezas. Miguel Coelho (União Brasil) e Raquel Lira (PSDB) conseguirão estar no 2 turno da disputa eleitoral caso a nacionalização oriente a escolha de grande parcela dos eleitores? A aliança União Brasil, PSDB e MDB, caso ocorra nacionalmente, exigirá a saída de Raquel ou de Miguel da disputa para o cargo de governador? Luciano Bivar, presidente do União Brasil, levará o partido a apoiar Danilo Cabral caso a sua eleição para a Câmara Federal adquira viabilidade numa aliança com o PSB?
Marília Arraes, por sua vez, tende a ser candidata a governadora. Mas para ser competitiva, isto é, estar no turno final da disputa, precisará ser reconhecida como a candidata do Lula. Como o eleitor lulista reagirá quando Lula declarar que o seu candidato é Danilo Cabral? Todavia, Lula poderá optar por ter dois candidatos ao governo de Pernambuco, Marilia e Danilo. Se assim fizer, o PSB aceitará? A candidata do Solidariedade optará por estar numa chapa com Raquel Lira caso Lula, anuncie, antes de julho, que Danilo é o seu candidato ao governo?
Esqueçamos Lula e Bolsonaro. Um raro acontecimento pode acontecer: a inesperada conquista de eleitores por parte de um candidato do centro democrático, como Simone Tebet ou Ciro Gomes. Se isto ocorrer, Raquel e Miguel serão beneficiados? Se tenho como hipótese de que a nacionalização será a condição da eleição para governador, afirmo que sim. Portanto, até início de julho, o não previsível, para alguns, pode ocorrer.