As emoções, os sentimentos e as campanhas importam

As emoções, os sentimentos e as campanhas importam

Por Adriano Oliveira – Cientista Político

A cada dia que leio e observo empiricamente a dinâmica política constato que os determinantes clássicos que explicam as escolhas eleitorais não explicam satisfatoriamente o comportamento do eleitor. Em razão disto, proponho que os estrategistas eleitorais e interpretes das eleições passem a considerar novos determinantes do voto.

Em alguns contextos, ideologia e preferência partidária explicam o comportamento do eleitor. Mas não é uma explicação satisfatória. Em outros contextos, prefeitos bem avaliados vencem disputam eleitorais. Mas prefeitos com reduzida avaliação também.

O bem-estar econômico do eleitor explica, majoritariamente em disputas presidenciais, o sucesso de candidaturas. Mas eleições ocorridas em outros países, como no Chile, revela que a economia não é tudo.

Neste sentido, proponho que variáveis subjetivas e conjunturais sejam incorporadas na análise do comportamento eleitoral. O cientista político Antonio Lavareda em seu excelente livro Emoções Ocultas e Estratégias eleitorais e em artigo recente na Revista da USP revela como as emoções e as campanhas eleitorais importam para explicar as decisões dos eleitores.

Jairo Tadeu Pires Pimentel Júnior, cientista político, em recente artigo publicado na Revista Opinião Pública, mostra que variáveis emocionais explicam o comportamento eleitoral e que elas podem ser identificadas através de surveys. As obras de Lavareda e Pimentel Júnior são inovadoras no Brasil, pois consideram emoções e campanhas como determinantes do voto.

Constato que os cientistas políticos têm um desafio pela frente, qual seja: acatar as sugestões de Lavareda e Pimentel Júnior e procurar desenvolver explicações sofisticadas e com respaldo teórico das emoções dos eleitores e das campanhas eleitorais. Com isto, será possível identificar se as variáveis tradicionais explicam o comportamento do eleitor. E se alguma variável, como a ideologia, não mais explicam.

Institutos de pesquisas e estrategistas precisam urgentemente incorporar em suas pesquisas e análises variáveis que expressem os sentimentos e as emoções dos eleitores. Com isto, prognósticos quanto ao comportamento do eleitor poderão ser realizadas.

Além disto, os estrategistas políticos, além da Academia, não podem relegar a importância das campanhas eleitorais na escolha dos eleitores. Portanto, campanhas bem feitas, sentimentos e emoções conquistam eleitores.

 

 

 

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publicado 11/11/2011 - 11h49