O fato desta semana mais relevante foi a instalação da CPI da Covid-19 no Senado Federal. Esta CPI tem o poder de manter a forte pressão sobre o presidente Bolsonaro. Observem que cinco variáveis continuam a pressionar o atual governo: 1) Crises sanitária e econômica; 2) Insatisfação do mercado; 3) Militares; 4) Centrão; 5) Efeito Lula. E agora a CPI.
Cada variável tem força própria. Mas se retroalimentam e estão associadas. A pressão sobre o presidente da República deve considerar as variáveis em seu conjunto. Desta forma, constata-se como o presidente está pressionado. E diante de uma única saída: diálogo. Não é estratégia ótima para Jair Bolsonaro enfrentar STF, militares e Centrão. A CPI da Covid-19, inclusive, tem o poder de fortalecer a condição de refém do presidente da República para com o Centrão.
Lembro que o orçamento continua em processo de discussão no Congresso. E o governo precisa do orçamento aprovado para manter a fidelidade dos partidos que o apoiam. Apesar da recente reforma ministerial realizada, notícias da imprensa dão conta de que o Centrão não está satisfeito. Portanto, o Centrão, que pode ser instrumento de proteção do presidente, não está feliz com o governo.
O Brasil está imerso em graves crises sanitária e econômica. Sem perspectiva de ampla vacinação em curto prazo. Lembro que a conjuntura pode orientar o posicionamento/escolhas das instituições e dos atores políticos. A conjuntura brasileira é crítica: caracterizada por crises, turbulências. Os membros do Congresso Nacional podem fazer escolhas contrárias aos interesses do presidente da República diante dos fatos que vierem à tona pela CPI da Covid-19.
O cenário para o presidente Bolsonaro é pessimista. Para que ele crie as condições de passagem para um cenário melhor, otimista, ele precisa enfraquecer as variáveis que o pressionam. E como fazer isto? Existe tempo para tal, considerando que estamos em abril, e as eleições gerais ocorrem em 2022?
O mandatário da República precisa mudar o seu estilo: dialogar. Volto a repetir: esta é a estratégia ótima. As crises sanitária e econômica podem ser arrefecidas no segundo semestre (hipótese) caso aumente o ritmo da vacinação contra o novo coronavirus. Com isto, a recuperação da popularidade do presidente Bolsonaro não deve ser descartada. Entretanto, para que o presidente vem a obter os frutos positivos do arrefecimento das crises, ele precisa ceder.