A popularidade do governo Lula crescerá?

A popularidade do governo Lula crescerá?

Por Adriano Oliveira – Doutor em Ciência Política. Professor da UFPE. Fundador da Cenário Inteligência: Pesquisa e Estratégias.

O governo Lula finda o ano de 2023 com avaliação positiva de 38% (Ótimo/bom) e avaliação negativa de 30% (Ruim/péssimo) – Pesquisa Datafolha, 05/12/2023. Na primeira era Lula, em 15/12/2003, a avaliação positiva foi de 42% e a negativa de 15%. O que chama a atenção é que a avaliação negativa do governo Lula em 2023 é expressiva, quando comparado com a avaliação de 2003. Por que a avaliação negativa do governo Lula cresceu?

Em novembro de 2007, segundo governo Lula, a avaliação positiva de Lula foi de 50% e a negativa, 14% – Instituto Datafolha. Portanto, o bolsonarismo pode explicar o aumento da avaliação negativa do governo Lula em 2023. O IPEC revela que entre os eleitores de Jair Bolsonaro em 2022, 9% avaliam positivamente o governo Lula e 61%, negativamente. No universo do lulismo, 69% avaliam positivamente o governo Lula, e 3% negativamente – Pesquisa IPEC, dezembro/2023.

Se o bolsonarismo não declinar, o governo Lula seguirá tendo avaliação negativa de razoável para alta, independente do crescimento econômico que o Brasil venha a ter. Uma outra hipótese: o crescimento econômico enfraquecerá o bolsonarismo e a avaliação negativa do governo Lula declinará. A validade das hipóteses será verificada com o tempo.

O bolsonarismo pode ser tão forte no ambiente social, que mesmo com o crescimento econômico, ele não declinará. Deste modo, o bolsonarismo é variável constante que não declina, é imune às causas, especificamente, o crescimento econômico. Não custa lembrar: o bolsonarismo é manifestação ideológica e moral. O lulismo é manifestação econômica. Assim sendo, o crescimento econômico não interfere na força do bolsonarismo. Se esta assertiva for verdadeira, concluo que o governo Lula não conseguirá diminuir a sua avaliação negativa para 15%, a qual foi observada em dezembro de 2003.

Os evangélicos são sustentáculos do bolsonarismo. A última pesquisa Datafolha revela que 38% deles avaliam negativamente o governo Lula. Entre os católicos, a avaliação negativa é de 28%. Desde a eleição de 2018, observo que as agendas moral e ideológica bolsonarista atraem os evangélicos. Segundo a Folha de São Paulo (08/12/2023), o crescimento dos templos evangélicos no Brasil foi de 228% em duas décadas. Lembro que a tendência é que os evangélicos venham a ser maioria no Brasil.

Considere as variáveis: Variável 1 – Bolsonarismo é manifestação ideológica e moral; Variável 2 – Os evangélicos são sustentáculos do bolsonarismo; Variável 3 – A tendencia é que os evangélicos sejam maioria no Brasil. Portanto, a conclusão é simples: a avaliação negativa do governo Lula tende a permanecer estável ou aumentar, caso o desempenho de razoável para bom da economia não interfira na opinião do eleitor bolsonarista, em especial, nos evangélicos.

Se a hipótese acima vier a ser verdadeira, o governo Lula está condenado a ter avaliações negativas crescentes ou estáveis, e as avaliações negativas diminutas observadas nos anos de 2003 e 2007, 15% e 14%, respectivamente, não voltarão em razão do bolsonarismo que torna a avaliação negativa uma variável constante ou com variação positiva. Neste caso, ela não declina.

A popularidade do governo Lula está numa encruzilhada? Como bem afirmei em meu último livro – Do bolsonarismo ao retorno do lulismo: Bolsonaro voltará ao poder? Editora: CRV, 2023 – será o crescimento econômico de razoável para bom que possibilitará o enfraquecimento do bolsonarismo. Caso não ocorra, o bolsonarismo chegará com chances eleitorais em 2026.

Após 7 anos e 11 meses de governo, eram 83% dos brasileiros que avaliavam positivamente o governo Lula – Pesquisa Datafolha, 20/12/2010. Será possível que esta conjuntura observada em 2010 poderá ser encontrada em dezembro de 2026? Aparentemente não, em razão do bolsonarismo.

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publicado 11/12/2023 - 02h40