Etnografia, entrevistas em profundidade e grupos focais são técnicas de pesquisa qualitativa que permitem a construção de categorias sociais e possibilitam a compreensão da dinâmica eleitoral.
Existem três categorias na lista Fachin. Inserido na primeira categoria, estão os políticos que receberam recursos para financiar as suas campanhas eleitorais. Na segunda categoria, estão os competidores que usaram os recursos recebidos para as campanhas eleitorais e enriquecimento ilícito. E na última categoria, estão os atores que receberam propina e a usaram para gastos eleitorais e enriquecimento ilícito.
Os políticos da primeira categoria praticaram ilegalidade, mas, aparentemente, não tão grave, pois eles e as empresas decidiram, juntos ou não, a não declararem o recurso. Os da segunda e terceira categorias praticaram ato ilegal gravíssimo, pois ocorreu enriquecimento ilícito e a corrupção estava presente.
Todos os políticos inclusos na Lista de Fachin são iguais? Em um aspecto sim. Os competidores sabem que campanhas eleitorais precisam de recursos. Por outro lado, não. As categoriais apresentadas sugerem as diferenças entre os competidores. Mas, olhando para a origem da Lista Fachin, não posso desprezar o papel do eleitor.
Campanhas eleitorais não são modernas como os “sábios” e intelectuais de gabinete supõem. As relações íntimas entre eleitor e candidato estão presentes. Muitos eleitores estão à procura de benefícios materiais. E os políticos precisam de um exército de cabos eleitorais para conquistá-los. Conquistar eleitores é tarefa árdua e não é para políticos principiantes.
A conquista de parcela do eleitorado por parte dos competidores pode envolver diversas etapas e atores. A primeira etapa representa a conquista do representante do candidato no ambiente eleitoral. Em seguida, o representante, que pode ser, inclusive, um político com mandato, arregimentará os eleitores. E, por fim, o representante do candidato irá fiscalizar a ida dos eleitores às urnas. Todo este processo tem custos para o candidato.
A lista de Fachin tem origem. Ou melhor: os desejos dos eleitores causam/orientam as ações dos políticos. Estes são sujeitos ativos de uma realidade dispendiosa, em que a comunicação não é, infelizmente, instrumento suficiente para vencer a eleição.