Em 1989, o debate na disputa presidencial entre Collor e Lula era: os que lutaram contra a Ditadura e os que foram favoráveis a ela. Esta era a discussão principal. Naquela eleição, ainda estava viva na memória política dos competidores que se diziam de esquerda a ditadura militar. O discurso era simples, diante das necessidades do Brasil: os que serviram à Ditadura não podem ser presidentes.
A eleição de FHC para a presidência da República, em 1994, enfraquece o debate entre os que serviram à Ditadura e os que lutaram contra ela. O enfraquecimento ocorreu em virtude de que FHC lutou contra a Ditadura.
Nesta época, outros debates também estavam presentes. O nacionalismo exacerbado, o qual condenava às privatizações, faziam parte da agenda da oposição. Outros temas da oposição eram: neoliberalismo, banqueiros, juros altos, aumento de salário para servidores públicos.
O PT, através de Lula, chega à presidência da República em 2002. E assume o poder com o compromisso de não contrariar os pilares da política econômica de FHC, os quais o partido tanto criticava. Lula publicizou a Carta aos Brasileiros. A Carta frisava de modo objetivo que o controle dos gastos públicos e a estabilidade da moeda seriam os objetivos do seu governo.
Lula, como qualquer outro governante que tivesse sido eleito, buscou construir uma ampla coalizão partidária. Nesta coalizão, os que serviram à Ditadura estavam presentes. Com isto, o debate em torno da Ditadura continuou a sofrer enfraquecimento.
Dilma, ao vencer a disputa presidencial em 2010, assumiu perante o eleitorado que o seu governo seria o da continuidade. Até o instante, algumas de suas ações contrariam tal promessa. Dilma trabalhou para a aprovação da Comissão da Verdade no Parlamento. A presidente sugere ao mercado que o crescimento econômico é prioridade, em detrimento da inflação. Dilma é defensora e mentora do capitalismo de estado, onde o BNDES é o principal sujeito.
Casos de corrupção existiram nos governos de FHC, Lula e Dilma (Este ainda não findou). Inclusive, o combate à corrupção era a bandeira principal do PT. Hoje não é mais, pois diversos dos seus atores contribuíram por desacreditar o PT no âmbito do combate à corrupção junto aos eleitores.
Ditadura, corrupção, inflação, controle dos gastos públicos e crescimento econômico. O tema ditadura está em desuso. Suponho que os eleitores não estão mais preocupados com tal temática. Corrupção é tema relevante. Mas os eleitores não acreditam que qualquer partido ou ator político possa enfrentá-la. Inflação, controle dos gastos públicos e crescimento econômico são temas atuais e precisam continuar a ser debatidos.
Porém, os atores políticos precisam incorporar na agenda pública brasileira novos temas, especificamente um: eficiência da gestão pública. O que precisa ser feito para o estado brasileiro ser eficiente? Os candidatos devem ter isto em mente e precisam ofertar esta discussão à opinião pública através de uma linguagem simples. Os candidatos ao Poder Executivo nas eleições de 2012 e 2014 que incorporarem esta temática de modo adequado adquirem condições para conquistarem o eleitorado.