Adriano Oliveira – Doutor em Ciência Política. Professor da UFPE. Fundador da Cenário Inteligência.
O maior desafio do presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva, será enfrentar a oposição bolsonarista nos âmbitos social e político. Segunda pesquisa Atlas, 26,9% dos eleitores afirmam que são bolsonaristas. Este é o tamanho real do bolsonarismo. Os outros eleitores que votaram no presidente Bolsonaro, assim fizeram porque rejeitam Lula e o PT. Ressalto que 44,9% são anti-bolsonarista. E 28%, nem bolsonarista e nem anti-bolsonarista.
São os autênticos bolsonaristas, 26,9%, que demandarão muito esforço do governo Lula. Os neutros, 28%, dependerão do desempenho da futura gestão, especificamente, na área econômica. A hipótese que tenho é bem simples: se a economia reagir bem – aumento da renda, redução da inflação e geração de empregos – estes eleitores passam a aprovar o governo Lula. Assim como os anti-bolsonarista. A hipótese que apresentei é bem óbvia.
Contudo, como conquistar os bolsonaristas? Certamente, o desempenho econômico pujante na gestão do Lula pode enfraquecer o bolsonarismo. O mau desempenho, por outro lado, pode ampliar o bolsonarismo e a rejeição ao PT. Essas são assertivas, aparentemente, óbvias. Ressalto que o bolsonarismo, ao contrário do lulismo, é um fenômeno moral. Ele concorre com o lulismo, o qual é um fenômeno econômico.
Será que a economia pujante na nova era Lula, terá o poder de enfraquecer o bolsonarismo? Essa é a minha grande dúvida. No âmbito político, não enxergo grandes desafios para o futuro presidente eleito. Lula, em sua era, mostrou forte capacidade de diálogo com todos as forças políticas do Congresso Nacional. Não será diferente na era futura. O novo presidente construirá um governo amplo, com a presença de vários partidos, dentre os quais: União Brasil, PSD e MDB. Mais os partidos de esquerda.
O PL, partido do presidente da República, tem grande bancada, a qual foi conquistada em razão da força do bolsonarismo. A obviedade sugere que o PL fará forte oposição ao futuro mandatário da República. Mas não vejo desta forma. O referido partido é presidido por Waldemar Costa Neto, ex-aliado de Lula e profissional da política. Portanto, caso o governo Lula tenha alta popularidade, parte do PL poderá apoiar o futuro governo.
Artur Lira (PP), atual presidente da Câmara dos Deputados, espera gestos do PT e de Lula. Certamente, eles ocorrerão. Se o PT e Lula garantirem a reeleição de Lira, este não trará problemas para o governo Lula. E levará, também, a bancada do PP. Conclusão: Lula tem condições de realizar um bom governo se a economia for bem.