Por Adriano Oliveira – Doutor em Ciência Política. Professor da UFPE. Fundador da Cenário Inteligência.
Desde o início do ano, o ex-presidente Lula lidera a corrida presidencial. Não venceu a eleição no 1° turno por pouco. O presidente Bolsonaro surpreendeu e findou o turno inicial com expressiva votação. Neste instante, as pesquisas do IPEC, Datafolha, Atlas, Quaest e Ipespe mostram a liderança do ex-presidente Lula. A última pesquisa do Datafolha mostra Lula com 53% dos votos válidos. E Bolsonaro com 47%. É possível o presidente ser reeleito?
Alguns dados importantes advindos do Datafolha: 1) A rejeição do presidente Bolsonaro segue alta: 51%. E a do ex-presidente Lula, apesar de ter crescido e dos intensos ataques advindos do adversário, está em 46%; 2) 93% dos votantes têm a certeza do voto; 3) 41% afirmam que a vida será melhor com Lula presidente; 4) 41% os eleitores de Simone Tebet votam com Lula; 5) 40% dos votantes de Ciro votarão no candidato do PT. Esses dados sugerem pouco espaço para o crescimento do presidente Bolsonaro.
Outros dados relevantes encontrados no Datafolha: Bolsonaro tem 68% dos votos entre os evangélicos. Lula, 32%. O Datafolha estima que 27% dos eleitores brasileiros são evangélicos. Católicos são maioria. Em 2030, segundo projeção do demógrafo José Eustáquio, os evangélicos serão majoritários. Portanto, nesta eleição, a ampla vantagem de Bolsonaro entre os evangélicos não lhe garante vitória. Entre os católicos, Lula tem 61%; Bolsonaro, 39%.
No Nordeste, de acordo com o Datafolha, Lula tem 72% dos votos. E Bolsonaro, 28%. No Sudeste, Bolsonaro tem 52%; e Lula 48%. As regiões Sudeste e Nordeste têm o maior número de eleitores. Portanto, é necessário que o candidato à reeleição amplie a sua diferença para o candidato do PT no Sudeste, pois Lula, no Nordeste, tem grande vantagem. De acordo com a pesquisa Atlas, 50% dos eleitores afirmam que a situação econômica do Brasil está ruim. O sentimento negativo para com a economia ainda prepondera. Tal sentimento favorece o ex-presidente Lula.
A abstenção no Brasil, que pode prejudicar ambos os candidatos, foi de 20,7% no 1° turno. A abstenção no Nordeste, onde Lula tem grande votação, foi de 19,5%. E no Sudeste, 21,9%. Portanto, maior do que a do Nordeste. Conclusão: a reeleição de Bolsonaro depende fortemente dos debates e do aumento da abstenção no Nordeste, a qual pode prejudicar Lula.